A ópera Gianni Schicchi de G.
Puccini concluiu Il Trittico. Foi mais uma encenação
fabulosa de Richard Jones para uma
ópera que também não conto entre as minhas favoritas. Mas numa produção como
esta, é absolutamente irresistível. De entre as óperas cómicas que já vi esta
encenação foi, talvez, a mais bem conseguida. Mais uma vez, tudo o que está em
palco é faz sentido e é engraçado. O guarda-roupa é também engraçadíssimo.
A casa do
abastado e moribundo Buoso Donati está revestida de papel de parede florido e
está mobilada num estilo “latino” e desarrumado. A sua numerosa família aguarda
a morte que acontece logo no início. A encenação é muito bem conseguida e os
momentos de comicidade sucedem-se continuamente, sem nunca resvalar para o
gratuito nem para o ordinário. São muitas as situações verdadeiramente
hilariantes, como a procura do testamento, a visita do médico, o relato do novo
testamento, o comportamento das crianças e reacção dos pais e a postura de
Gianni Schicchi.
Lucio Gallo, barítono italiano, foi um Gianni Schicchi muito
engraçado, fazendo justiça à personagem. A voz foi sempre bem audível, esteve afinado
e conseguiu imprimir a comicidade e astúcia que o papel exige. Foi o melhor em
cena.
Rinuccio foi
interpretado pelo tenor italiano Paolo
Fanale. Esteve bem cenicamente, mas a voz é pequena e, em comparação com os
colegas, a diferença foi marcada. Frequentemente deixou-se abafar pela
orquestra e quando se ouvia, era sempre em esforço nas notas mais agudas, que
saiam sem brilho.
Lauretta foi
interpretada pela soprano inglesa Susanna
Hurrell. A voz é bonita mas idêntica a tantas outras. Cantou bem a aria O mio babbino caro, uma das mais belas
escritas por Puccini e pouco mais fez, mas o papel é mesmo assim.
Foram também
participantes com qualidade homogénea outros cantores, incluindo Gwynne Howell, Elena Zilio, Jeremy White,
Marie McLaughlin, David Kempster, Carlo Bosi e Rebecca Evans.
Um final em
beleza de mais uma noite inesquecível na Royal Opera de Londres.
*****
Gianni
Schicchi, Royal Opera House, London, February 2016
The opera Gianni Schicchi by G. Puccini completed Il Trittico. It was another fabulous staging
of Richard Jones for an opera that I
do not include in my favorites. But in a production like this, it is absolutely
irresistible. Among all the comic operas I've seen so far, this staging was
perhaps the best achieved. Again, everything on stage is makes sense and is
funny. The clothes of the performers are also a must.
The house
of the rich and dying Buoso Donati is lined with flowered wallpaper and is
furnished in a "Latin" and messy style. His large family awaits his death
that happens early on. The staging is very good and the moments of comedy
happen continuously, without ever sliding into the vulgar. There are many truly
hilarious situations, as the demand of the will, the doctor's visit, the
writing of the new testament, the behavior of the children and their parents
and the attitude of Gianni Schicchi.
Lucio Gallo, Italian baritone, was a very funny Gianni Schicchi.
The voice was always very audible and tuned, and he managed to show the comic
and cunning characteristics required. He was the best on stage.
Rinuccio was
interpreted by Italian tenor Paolo
Fanale. He was well on stage, but the voice was small and, in comparison
with the other soloists, the difference was marked. Often he was submerged by the
orchestra, and he sang always in effort the top notes, that were not beautiful.
Lauretta
was interpreted by English soprano Susanna
Hurrell. The voice is beautiful but identical to many others. She sang well
the aria O mio babbino caro, one of
the most beautiful written by Puccini, and it was it, but the character is just
like that.
The other
singers were also very good, including Gwynne
Howell, Elena Zilio, Jeremy White, Marie McLaughlin, David
Kempster, Carlo Bosi and Rebecca Evans.
A beautiful
ending of another unforgettable evening at the Royal Opera in London.
*****
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