No
passado dia 3 de Outubro tive a oportunidade de assistir na Fundação Calouste
Gulbenkian ao War Requiem, composto pelo britânico Benjamin Britten em 1961-62
e interpretado pela Orquestra e Coro Gulbenkian, pelo Coro infantil da academia
de música de Santa Cecília e por 3 solistas. O baritono Hanno Müller Brachmann,
o tenor John Mark Ainsley e a soprano Tatiana Pavlovskaya.
O War
Requiem foi escrito para ser estreado nas cerimónias de inauguração da nova
catedral de Coventry em 1962. Podem ser lidas mais informações sobre a obra no
programa de sala disponibilizado no seguinte link:
http://www.musica.gulbenkian.pt/2014_2015/files/00000000/00000025_0015.pdf
A
orquestra Gulbenkian dirigida por Paul McCresh esteve num nível muito bom.
Sempre muito bem afinada e entrosada com os solistas.
O coro
Gulbenkian esteve como sempre, imaculado, oferecendo-nos de novo uma exibição
de luxo.
O coro
infantil da academia de Santa Cecília também esteve muito bem e destaco o facto
de ter estado sempre nos bastidores para simular as vozes distantes das
crianças. Ideia muito inteligente e bem conseguida
Os
solistas estiveram todos em muito bom nível mas destaco o barítono Hanno Müller
Brachmann que tem um timbre muito agradável e que nos ofereceu em conjunto com
o tenor John Mark Ainsley um “Let us sleep now” (para muitos o ponto alto da
obra) de extraordinária qualidade e beleza. Destaque também para a soprano
Tatiana Pavlovskaya que demonstrou uma excelente projecção de voz nas poucas
mas exigentes intervenções.
Infelizmente
houve também pontos menos positivos durante esta récita totalmente por culpa do
público. Apesar do aviso constante da FCG no início dos espetáculos para os
espectadores desligarem o telemóvel, houve quem conseguisse que o seu telemóvel
tocasse 2 vezes, levando o maestro a virar-se para o público, mostrando um ar
profundamente reprovador. Como se isto não bastasse também houve quem demorasse
15 minutos a abrir um rebuçado, sempre com aquele barulhinho estridente do
pacote o que também levou a alguns olhares furiosos por parte de alguns
elementos da orquestra. Como se não bastasse isto, no silêncio posterior ao
término da obra houve quem se assoasse estridentemente, fazendo parecer que o
grupo de percussão da orquestra ainda estava a actuar.
No geral
faço um balanço muito positivo da récita e o público confirmou isso aplaudindo
entusiasticamente no seu final, mas penso que já está mais do que na altura de
algumas pessoas se começaram a comportar de forma minimamente decente num
ambiente destes, visto não estamos a falar propriamente de crianças ou
adolescentes.
Em nome dos "Fanáticos da Ópera" agradecemos ao Francisco Casegas esta sua primeira (e óptima) contribuição para o blogue.
Obrigado pelo seu óptimo texto, Francisco! Esperamos que continue a participar activamente neste que é o nosso (de todos) blog sobre o canto lírico e a música (dita) clássica em geral. Saudações
ResponderEliminarMuito obrigado pelo apoio demonstrado! O meu desejo é que este seja o meu primeiro de muitos textos neste blogue. Saudações
ResponderEliminarCaro Francisco,
ResponderEliminarMais uma vez muito obrigado pelo seu texto. Subscrevo em absoluto os seus apontamentos sobre o mau comportamento do público que, infelizmente, é muito frequente na Gulbenkian.
Telemóveis, rebuçados (!!!) sobretudo nas alturas em que qualquer ruido mínimo perturba a concentração de quem toca e de quem ouve e, todo o tipo de ruídos (tosses ou assoadelas) nos momentos mais sublimes das peças musicais, nomeadamente dos seus silêncios, são absolutamente reprováveis mas, por razões que não consigo entender, são um acontecimento frequente na Gulbenkian.
E, como bem recorda, não estamos a falar de crianças ou adolescentes - talvez estes, se tocados pela beleza das peças musicais, não se comportariam desta maneira!