quinta-feira, 4 de julho de 2013

REQUIEM de Giuseppe Verdi — Teatro Real de Madrid, 01.07.2013


(Review in English below)


Giuseppe Verdi compôs em 1874 uma das mais espectaculares obras sacras. É daquelas que pela sua força terrena em busca do descanso eterno nos consegue transportar para o mundo do sublime. Professe-se ou não um credo, o facto é que este Requiem é um tremendo grito de procura, de exploração da fé e expiação do pecado. Exige, pois, para que se exiba em todo o seu esplendor, uma orquestra, coro e 4 solistas de muito elevado nível.


O Teatro Real de Madrid apresentou uma versão com um elenco muito interessante no programa Las noches del Real, pelo que a deslocação a Madrid estava envolta de enormes expectativas. Não saíram goradas.


A Orquestra do Teatro Real foi dirigida pela seu maestro titular Teodor Currentzis. Esteve em óptimo plano, com uma interpretação enérgica, com um tempo óptimo e muito expressiva. Foi muito bem dirigida pelo jovem e vibrante maestro grego, a quem se pode apontar apenas algum excesso de entusiasmo pessoal: chegou, por exemplo, a ouvir-se nitidamente um Cum Santics antes do tenor entrar no Lux aeterna. Mas isso não diminuiu a sua excelente interpretação.
Também o Coro Titular do Teatro Real e o Coro de la Comunidad de Madrid se exibiram num nível óptimo, do qual se destaca a secção dos baixos: perfeitos.

Os solistas acompanharam o nível óptimo da Orquestra e do Coro.


O soprano arménio Lianna Haroutounian era o elemento menos famoso do elenco. Mas e que voz! Tem um agudo vivo e expansivo, uma enorme potência vocal com uma voz projectada sempre por cima da orquestra e coro e muito melódica. Foi extremamente expressiva e viveu a experiência apaixonadamente. O seu Libera me foi perfeito e da sua actuação, a realçar algo negativo, ficam apenas dois ataques menos perfeitos a agudos, mas que passaram à margem. Excelente.


O meio-soprano lituânio Violeta Urmana dispensa apresentações. A sua voz é escura, cheia e bem projectada e é utilizada com uma excelente técnica e com a tranquilidade que a sua muita experiência permite. Esteve muito bem em toda a Sequentia, bem como no Agnus dei ou Lux aeterna.


O tenor espanhol Jorge de Léon foi uma confirmação. Apesar de não ter sido perfeito no Kyrie, a sua voz tem um timbre muito bonito, uma óptima projecção e uma potência mais do que assinalável. O seu Ingemisco foi a todos os títulos perfeito e só por ele já valia o bilhete.


O baixo italiano Ildebrando D’Arcangelo esteve ao nível óptimo que se esperava de um intérprete de nível mundial e com experiência na interpretação desta obra. A sua voz quente, com um fraseio melódico e com dicção perfeita é excelente para o papel. Destacou-se em todas as secções.


Assistiu-se, por isso, a um espectáculo a todos os títulos recomendável e memorável e que mereceu 5 entuasiásticas chamadas ao palco.



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(Review in English)

Giuseppe Verdi composed in 1874 one of the most spectacular sacred works. It is those who by their earthly force in search of eternal rest can carry us into the world of the sublime. Whether or not you profess a creed, the fact is that this Requiem is a tremendous God searching cry, exploration of faith and sin atonement. Therefore to show it in its entire splendor, a top-level orchestra, choir and soloists are needed.

The Teatro Real de Madrid presented a version with a very interesting cast in its Las noches del Real, so the trip to Madrid was wrapped in enormous expectations that have not been disappointed.

Teatro Real Orchestra chief conductor Teodor Currentzis directed the Requiem. The Orchestra was in excellent plan, with a robust interpretation, with a great tempo and very expressive. It was very well conducted by young and vibrant Greek conductor, who can point out just some over-enthusiastic staff: for example, to hear a clear Cum Santics before tenor entering in Lux aeterna. But that has not diminished his excellent interpretation.
Teatro Real Choir and Coro de la Comunidad de Madrid were at an optimal level, of which get out special mention the perfect bass section.

The soloists accompanied the optimal level of the Orchestra and Choir.

The Armenian soprano Lianna Haroutounian was the least famous member of the cast. But what a voice! She has an expansive and vivid sharp, huge vocal power with a voice always projected above the orchestra and choir and very melodic. She was extremely expressive and passionately lived the experience. Her Libera me was perfect and her performance, highlighting something negative, only have two less perfect attacks to high notes that passed on the sidelines. Excellent.

The Lithuanian mezzo-soprano Violeta Urmana needs no introduction. Her voice is dark, full and well designed and she used her great technique extensive experience to show us all her capacities. She was very well throughout Sequentia and the Agnus dei or Lux aeterna.

Spanish tenor Jorge de Leon was a confirmation. Despite not having been perfect in Kyrie, his voice has a very beautiful timbre, a great projection and a more than remarkable vocal power. His Ingemisco was perfect in all respects and by itself worth the ticket.

The Italian bass Ildebrando D'Arcangelo was at optimal level as expected of a world-class performer, with experience in the interpretation of this work. His warm voice, with a melodic wording and perfect diction is excellent for the role. He excelled in all sections.

There was, therefore, a show all the titles recommended and memorable and deserved 5 enthusiastic curtain calls.

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