Giuseppe
Verdi compôs em 1874 uma das
mais espectaculares obras sacras. É daquelas que pela sua força terrena em
busca do descanso eterno nos consegue transportar para o mundo do sublime.
Professe-se ou não um credo, o facto é que este Requiem é um tremendo grito de
procura, de exploração da fé e expiação do pecado. Exige, pois, para que se
exiba em todo o seu esplendor, uma orquestra, coro e 4 solistas de muito elevado
nível.
O Teatro
Real de Madrid apresentou uma versão com um elenco muito interessante no
programa Las noches del Real, pelo
que a deslocação a Madrid estava envolta de enormes expectativas. Não saíram
goradas.
A Orquestra
do Teatro Real foi dirigida pela seu maestro titular Teodor Currentzis. Esteve em óptimo plano, com uma interpretação
enérgica, com um tempo óptimo e muito expressiva. Foi muito bem dirigida pelo
jovem e vibrante maestro grego, a quem se pode apontar apenas algum excesso de
entusiasmo pessoal: chegou, por exemplo, a ouvir-se nitidamente um Cum Santics antes do tenor entrar no Lux
aeterna. Mas isso não diminuiu a sua excelente interpretação.
Também o Coro
Titular do Teatro Real e o Coro de
la Comunidad de Madrid se exibiram num nível óptimo, do qual se destaca a
secção dos baixos: perfeitos.
Os solistas acompanharam o nível óptimo da
Orquestra e do Coro.
O soprano arménio Lianna Haroutounian era o elemento menos famoso do elenco. Mas e
que voz! Tem um agudo vivo e expansivo, uma enorme potência vocal com uma voz
projectada sempre por cima da orquestra e coro e muito melódica. Foi
extremamente expressiva e viveu a experiência apaixonadamente. O seu Libera me foi perfeito e da sua
actuação, a realçar algo negativo, ficam apenas dois ataques menos perfeitos a
agudos, mas que passaram à margem. Excelente.
O meio-soprano lituânio Violeta Urmana dispensa apresentações. A sua voz é escura, cheia e
bem projectada e é utilizada com uma excelente técnica e com a tranquilidade
que a sua muita experiência permite. Esteve muito bem em toda a Sequentia, bem como no Agnus dei ou Lux aeterna.
O tenor espanhol Jorge de Léon foi uma confirmação. Apesar de não ter sido perfeito
no Kyrie, a sua voz tem um timbre
muito bonito, uma óptima projecção e uma potência mais do que assinalável. O
seu Ingemisco foi a todos os títulos
perfeito e só por ele já valia o bilhete.
O baixo italiano Ildebrando D’Arcangelo esteve ao nível óptimo que se esperava de um
intérprete de nível mundial e com experiência na interpretação desta obra. A
sua voz quente, com um fraseio melódico e com dicção perfeita é excelente para
o papel. Destacou-se em todas as secções.
Assistiu-se, por isso, a um espectáculo a
todos os títulos recomendável e memorável e que mereceu 5 entuasiásticas
chamadas ao palco.
-----------
(Review in English)
Giuseppe Verdi composed in 1874 one of the most spectacular sacred works. It is those
who by their earthly force in search of eternal rest can carry us into the
world of the sublime. Whether or not you profess a creed, the fact is that this
Requiem is a tremendous God searching cry, exploration of faith and sin
atonement. Therefore to show it in its entire splendor, a top-level orchestra,
choir and soloists are needed.
The Teatro Real de Madrid presented a version with a very interesting cast
in its Las noches del Real, so the
trip to Madrid was wrapped in enormous expectations that have not been
disappointed.
Teatro Real Orchestra chief conductor Teodor
Currentzis directed the Requiem. The Orchestra was in excellent plan, with
a robust interpretation, with a great tempo
and very expressive. It was very well conducted by young and vibrant Greek
conductor, who can point out just some over-enthusiastic staff: for example, to
hear a clear Cum Santics before tenor
entering in Lux aeterna. But that has
not diminished his excellent interpretation.
Teatro Real Choir and Coro de la Comunidad de
Madrid were at an optimal level, of which get out special mention the
perfect bass section.
The soloists accompanied the
optimal level of the Orchestra and Choir.
The Armenian soprano Lianna Haroutounian was the least
famous member of the cast. But what a voice! She has an expansive and vivid
sharp, huge vocal power with a voice always projected above the orchestra and
choir and very melodic. She was extremely expressive and passionately lived the
experience. Her Libera me was perfect
and her performance, highlighting something negative, only have two less
perfect attacks to high notes that passed on the sidelines. Excellent.
The Lithuanian mezzo-soprano Violeta Urmana needs no introduction.
Her voice is dark, full and well designed and she used her great technique
extensive experience to show us all her capacities. She was very well
throughout Sequentia and the Agnus dei or Lux aeterna.
Spanish tenor Jorge de Leon was a confirmation.
Despite not having been perfect in Kyrie,
his voice has a very beautiful timbre, a great projection and a more than
remarkable vocal power. His Ingemisco
was perfect in all respects and by itself worth the ticket.
The Italian bass Ildebrando D'Arcangelo was at optimal
level as expected of a world-class performer, with experience in the
interpretation of this work. His warm voice, with a melodic wording and perfect
diction is excellent for the role. He excelled in all sections.
There was, therefore, a show
all the titles recommended and memorable and deserved 5 enthusiastic curtain
calls.
Sem comentários:
Enviar um comentário