quarta-feira, 24 de abril de 2013

O RAPTO DO SERRALHO / DIE ENTFÜHRUNG AUS DEM SERAIL, Opernhaus Zürich, Janeiro de 2013


(review in English below)

O Rapto do Serralho é uma ópera de Mozart com libreto de Gottlieb Stephanie. Konstanze, a sua criada Blonde e o namorado Pedrillo estão prisioneiros do Pacha Selim num serralho na Turquia. Belmonte, um nobre espanhol, tenta libertar a sua amada Konstanze e os outros prisioneiros mas encontra a oposição de Osmin, o guarda do serralho. O Pacha vê, insistentemente, rejeitado o seu amor por Konstanze. Depois de várias peripécias os prisioneiros são libertados e tudo acaba em harmonia. No centro desta comédia escrita em alemão está o choque das duas culturas.



 A Ópera de Zurique apresentou uma produção de Adrian Marthaler. A encenação foi pouco interessante. O primeiro acto decorre à beira mar, num local semelhante a uma lixeira. Ouvem-se cães, gaivotas e grilos (!) ao longo da acção. Para além do lixo espalhado pelo palco, há apenas um caminho de pedras. O segundo acto passa-se no exterior do palácio do Pacha Selim, que mais parece um bairro social. O terceiro acto decorre no interior do palácio, em salas vazias, apenas com espelhos nas paredes. Desinteressante e com pouco sentido.



 O maestro Patrick Lange dirigiu a Orquestra Filarmónica de Zurique e o Coro da Ópera de Zurique. Cumpriram sem impressionar.




 O tenor mexicano Javier Camarena fez um Belmonte de bom nível e foi uma das melhores interpretações que lhe ouvi. Em palco esteve bem. Ofereceu-nos uma voz poderosa, bem colocada em todos os registos e muito interessante nos agudos.


 A Konstanze foi interpretada pelo soprano Jane Archibald. Não gostei porque gritou mais que cantou, foi banal no registo médio e incomodativa nos agudos. Sei que o papel tem árias de grande dificuldade, como Martern aller Arten, mas a cantora não esteve à altura, o que foi pena.


 O tenor Michael Laurenz foi um Pedrillo regular mas sem nenhuma característica que impressionasse positivamente. Cumpriu.


 Blonde foi interpretada pelo soprano Rebeca Olvera. Foi outra cantora decepcionante. A voz é pequena e mal se ouve e a presença em palco também não cativa


O baixo Thorsen Grümbel foi o outro cantou que se destacou nesta récita como Osmin. Cenicamente foi banal mas ofereceu-nos uma voz que, não sendo grande, esteve sempre afinada e com um registo grave assinalável.


 Um espectáculo que ficou muito aquém das minhas expectativas.





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 THE ABDUCTION FROM THE SERAGLIO / DIE ENTFÜHRUNG AUS DEM SERAIL, Opernhaus Zürich, January 2013

The Abduction from the Seraglio is a Mozart opera with libretto by Gottlieb Stephanie. Konstanze, her maid Blonde and her boyfriend Pedrillo are prisoners of the Pasha Selim at a seraglio in Turkey. Belmonte, a Spanish nobleman, tries to free his beloved Konstanze and the other prisoners but is opposed by Osmin, the guardian of the seraglio. The Pacha sees insistently rejected his love for Konstanze. After several adventures the prisoners regain freedom and everything ends in harmony. At the center of this comedy written in German is the clash of the two cultures.

Zurich Opera House presented a production of Adrian Marthaler. The staging was not interesting. The first act takes place by the sea, in a place like a dump. We hear dogs seagulls and crickets. Beyond the garbage scattered around the stage, there is only one path of stones. The second act is set in the exterior of the palace of the Pasha Selim, that looks like a housing estate. The third act takes place inside the palace, in empty rooms, only with mirrors on the walls.

Conductor Patrick Lange directed the Zurich Philharmonic Orchestra and the Zurich Opera Chorus. They were ok but not impressive.

Mexican tenor Javier Camarena interpreted a good Belmonte and he was one of the best performances heard this night. On stage he was well. He offered us a powerful voice, well tuned in all registers and very interesting in the top notes.

Konstanze was interpreted by soprano Jane Archibald. I id not like her performance because she shouted more than sang. She was regular in middle register but ugly in the high register. I know that her part has arias of great difficulty, such as Martern aller Arten, but the singer failed to match what it was worth.

Tenor Michael Laurenz was a regular Pedrillo without any characteristic that positively impressed.He was just OK.

Blonde was interpreted by soprano Rebeca Olvera. She was another disappointing singer. The voice was small and could barely be heard, and on stage she was also not captive

Bass Thorsen Grümbel was the other singer that stood out in this performance as Osmin. Artistically he was banal but he offered us a voice which, although not big, was always in tune and with a remarkable low register.

A performance that fell far short of my expectations.

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1 comentário:

  1. Hi Fanatico,
    Mozart is always "dangerous". Either you sing well or not. No in between.
    Re. Javier Camarena I fully agree with you. I've heard him twice in Zurich and like his clean and warm tenor very much. Looking forward to seeing and hearing him again in Salzburg in May.

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