(Review in English below)
A Fundação
Gulbenkian recebeu, enquadrada no Ciclo Grandes Orquestras, o maestro belga
Philippe Hereweghe e a Orchestre des Champs-Élysées que este
criou em 1991 e que está inteiramente dedicada à interpretação musical com
instrumentos de época de reportório clássico e romântico.
(fotos da FCG/internet)
A primeira parte foi dedicada ao Concerto para Violino e Orquestra em Dó
maior, Hob.VIIb:1 de Joseph Haydn.
Foi recentemente redescoberto em 1961 e considerado pelo musicólogo H. C.
Robbins “por si só, a maior descoberta musicológica desde a II Guerra
Mundial!”. O concerto é muito elegante, bem ao estilo de Haydn, e foi tocado
pelo arco do jovem violinista sueco-danês nascido em 1987 Andreas Brantelid. A interpretação deixou bem patentes a qualidade
da orquestra que soou na perfeição com todos os naipes e permitiu ao
violoncelista expressar a sua sensibilidade e clareza, nomeadamente nas duas
cadenzas dos dois primeiros andamentos. Andreas Brantelid é, assim, um jovem
intérprete muito promissor e ainda nos deixou uma das suites de Bach.
A segunda parte foi
preenchida pela inspiradíssima música sinfónica de Ludwig van Beethoven: Sinfonia
n.º 3 em Mi bemol maior, op. 55, “Heróica”. Concluída em 1803, é
influenciada pelos ideais da Revolução francesa e pelo culto do herói mítico.
Beethoven terá tomado como herói Sir Ralph Abercromby, general inglês falecido
em combate em Alexandria dois anos antes, além de Napoleão Bonaparte. Reza a
história que a partitura foi dedicada ao general francês, admirado pelo
compositor. Todavia, quando este se proclama imperador, Beethoven, que não
tolerava a ideia do tirano, rasura a dedicatória e escreve “composta em memória
de um grande Homem”.
A interpretação teve, devido
às características da orquestra, com uma sonoridade típica dos instrumentos de
época que, embora seja mais purista, nem sempre tem a suavidade dos
instrumentos mais modernos o que se nota, sobretudo, nos sopros. A interpretação
de Herreweghe e da sua orquestra foi de elevada qualidade, revelando enorme
preparação.
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(Review in English)
The Gulbenkian Foundation received in its Great
Orchestras Cycle, the Belgian conductor Philippe
Hereweghe and the Orchestre des
Champs-Élysées that Herreweghe himself created in 1991 and that is fully
dedicated to classical and romantic repertoire performamed with period
instruments of.
The first part was
devoted to the Concerto for Violin and Orchestra
in C major, Hob.VIIb:1 of Joseph Haydn.
It was recently rediscovered in 1961 and considered by musicologist H. C.
Robbins “the greatest musicological discovery since World War II". The
concert is very elegant, in the style of Haydn, and was played by the young Sweden-danish
cellist born in 1987 Andreas Brantelid.
The interpretation made patent the quality of the orchestra that sounded
perfectly with all suits and allowed the cellist to express his sensitivity and
clarity, particularly in the two cadenzas
of the first two movements. Andreas Brantelid is thus a very promising young
performer and still left us one of the suites of Bach.
The
second half was filled by the inspired symphonic music of Ludwig van Beethoven:
Symphony no. 3 in E flat major, op. 55, "Eroica". Completed in
1803, it is influenced by the French Revolution ideals and the cult of the
mythical hero. Beethoven has taken by hero Sir Ralph Abercromby, an English
general who died in combat in Alexandria two years before, and Napoleon
Bonaparte. History tells us that the score was dedicated to the French general,
admired by the composer. However, when he proclaimed himself emperor,
Beethoven, who could not tolerate the idea of the tyrant, cancels the
dedication and wrote "composed in memory of a great man".
The interpretation was,
due to the characteristics of the orchestra, with a typical sound of period
instruments that, although it is more purist, do not always have the softness
of the more modern instruments what is noted, especially, in the wid
instruments. The interpretation of Herreweghe and its orchestra was of high
quality, showing massive preparation.
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