quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Philippe Herreweghe e a Orchestre des Champs-Élysées na Fundação Gulbenkian, 05.01.2013


(Review in English below)

A Fundação Gulbenkian recebeu, enquadrada no Ciclo Grandes Orquestras, o maestro belga Philippe Hereweghe e a Orchestre des Champs-Élysées que este criou em 1991 e que está inteiramente dedicada à interpretação musical com instrumentos de época de reportório clássico e romântico.

(fotos da FCG/internet)

A primeira parte foi dedicada ao Concerto para Violino e Orquestra em Dó maior, Hob.VIIb:1 de Joseph Haydn. Foi recentemente redescoberto em 1961 e considerado pelo musicólogo H. C. Robbins “por si só, a maior descoberta musicológica desde a II Guerra Mundial!”. O concerto é muito elegante, bem ao estilo de Haydn, e foi tocado pelo arco do jovem violinista sueco-danês nascido em 1987 Andreas Brantelid. A interpretação deixou bem patentes a qualidade da orquestra que soou na perfeição com todos os naipes e permitiu ao violoncelista expressar a sua sensibilidade e clareza, nomeadamente nas duas cadenzas dos dois primeiros andamentos. Andreas Brantelid é, assim, um jovem intérprete muito promissor e ainda nos deixou uma das suites de Bach.


A segunda parte foi preenchida pela inspiradíssima música sinfónica de Ludwig van Beethoven: Sinfonia n.º  3 em Mi bemol maior, op. 55, “Heróica”. Concluída em 1803, é influenciada pelos ideais da Revolução francesa e pelo culto do herói mítico. Beethoven terá tomado como herói Sir Ralph Abercromby, general inglês falecido em combate em Alexandria dois anos antes, além de Napoleão Bonaparte. Reza a história que a partitura foi dedicada ao general francês, admirado pelo compositor. Todavia, quando este se proclama imperador, Beethoven, que não tolerava a ideia do tirano, rasura a dedicatória e escreve “composta em memória de um grande Homem”.


A interpretação teve, devido às características da orquestra, com uma sonoridade típica dos instrumentos de época que, embora seja mais purista, nem sempre tem a suavidade dos instrumentos mais modernos o que se nota, sobretudo, nos sopros. A interpretação de Herreweghe e da sua orquestra foi de elevada qualidade, revelando enorme preparação.

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(Review in English)

The Gulbenkian Foundation received in its Great Orchestras Cycle, the Belgian conductor Philippe Hereweghe and the Orchestre des Champs-Élysées that Herreweghe himself created in 1991 and that is fully dedicated to classical and romantic repertoire performamed with period instruments of.

The first part was devoted to the Concerto for Violin and Orchestra in C major, Hob.VIIb:1 of Joseph Haydn. It was recently rediscovered in 1961 and considered by musicologist H. C. Robbins “the greatest musicological discovery since World War II". The concert is very elegant, in the style of Haydn, and was played by the young Sweden-danish cellist born in 1987 Andreas Brantelid. The interpretation made patent the quality of the orchestra that sounded perfectly with all suits and allowed the cellist to express his sensitivity and clarity, particularly in the two cadenzas of the first two movements. Andreas Brantelid is thus a very promising young performer and still left us one of the suites of Bach.

The second half was filled by the inspired symphonic music of Ludwig van Beethoven: Symphony no. 3 in E flat major, op. 55, "Eroica". Completed in 1803, it is influenced by the French Revolution ideals and the cult of the mythical hero. Beethoven has taken by hero Sir Ralph Abercromby, an English general who died in combat in Alexandria two years before, and Napoleon Bonaparte. History tells us that the score was dedicated to the French general, admired by the composer. However, when he proclaimed himself emperor, Beethoven, who could not tolerate the idea of the tyrant, cancels the dedication and wrote "composed in memory of a great man".

The interpretation was, due to the characteristics of the orchestra, with a typical sound of period instruments that, although it is more purist, do not always have the softness of the more modern instruments what is noted, especially, in the wid instruments. The interpretation of Herreweghe and its orchestra was of high quality, showing massive preparation.

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