Páris e Helena (Paride ed Elena) é uma ópera de Christoph Willibald Gluck com libreto de Ranieri de’Calzabigi. Relata a história de sedução e amor de Páris e Helena em Esparta, ajudados pelo criado Erasto que é, na realidade, Amore (Cupido). Decidem unir-se, partir para Troia e enfrentar as consequências, mesmo depois da deusa Pallas profetizar a iminente guerra de Tróia desencadeada pelo amor dos dois.
Foi levada à cena no Teatro de São Luiz pelo Estúdio de Ópera da Escola Superior de Música de Lisboa. O Teatro não teve condições para o espectáculo de ópera. Ouviam-se constantemente ruídos do exterior (alguns pareciam do próprio teatro) e, durante todo o primeiro acto, a porta de uma frisa esteve sempre a bater e a deixar entrar luz para a sala, sem que ninguém a fosse fechar.
Clara Alcobia Coelho dirigiu a Orquestra de Música Antiga e o Coro do Estúdio de Ópera, ambos da Escola Superior de Música de Lisboa. A Orquestra teve um desempenho muito meritório, destacando-se a excelente intervenção da cravista, Catarina Melo. Só as trompas falharam ocasionalmente. Mas foi uma interpretação de qualidade. Também o coro esteve muito bem, vocal e cenicamente.
Todos estavam vestidos com túnicas brancas e amarelas, excepto a rainha Helena e o Cupido, que tinham dourados. Os elementos do coro tiveram mais trabalho como objectos cénicos do que como cantores.
Os jogos de atletismo organizados em honra de Páris no 3º acto e a entrada da deusa Pallas numa núvem no último acto foram dois momentos altos da encenação.
O resultado final foi uma agradável surpresa, preenchendo o palco com harmonia e eficácia, transmitindo uma imagem pueril mas com laivos de erotismo.
(Fotografia do blogue Sónia Alcobaça)
Marina Pacheco foi um Páris expressivo ao longo de toda a récita, num papel vocalmente exigente. O seu soprano é bonito e mantém a qualidade em todos os registos. Na única ária que conhecia, O del mio dolce ardor, a declaração de amor a Helena, foi excelente.
A Helena de Carmen Matos foi outra personagem de grande qualidade. A voz é bem audível, de timbre muito agradável, segura nos agudos.
Sara Carolina Marques foi um Amore que cumpriu e esteve ao nível dos restantes solistas, embora por vezes com um registo médio abafado pela orquestra ou pelos outros cantores.
Pallas foi cantada por Sónia Alcobaça. O papel é curto, a cantora interpretou-o em forte, qual deusa irada que representava.
Foi um espectáculo muito agradável e homogéneo, interpretado por músicos muito jovens, que merecia mais assistência e uma casa de espectáculos com melhores condições.
Foi também uma demonstração da certeza que temos juventude de qualidade que nos poderá assegurar a continuidade de espectáculos líricos em Portugal, assim lhes sejam dadas as oportunidades e não os obriguem a emigrar.
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Obrigado por nos dar a sua opinião, Fanático_Um. Gostava de ter ido ao São Luiz mas o trabalho não deixou.
ResponderEliminarEstou certo que teria gostado. Tenho pena que não tenha podido ir, pois teria alguém com quem confrontar a minha opinião.
EliminarMas também foi uma coincidência muito infeliz este espectáculo ter decorrido à mesma hora que o Requiem de Mozart em São Carlos, onde penso que esteve.