Após uma encomenda do teatro imperial de São Petersburgo, G. Verdi compôs La Forza del Destino, com libretto
de Francesco Maria Piave, baseado na
peça Don Álvaro, o la forza del sino
de Ángel de Saavedra.
A acção passa-se em Espanha e Itália no século XVIII. Leonora,
filha do Marquês de Calatrava, decide fugir com o amante, o sul americano Don
Alvaro. Este, após ser desafiado pelo marquês, atira a sua pistola para o chão e
mata-o acidentalmente. Don Carlo di Vargas, filho do marquês, procura numa
estalagem um estrangeiro que matou o pai e raptou a irmã. Uma cigana prevê-lhe
um futuro terrível. Leonora refugia-se, incógnita, num mosteiro e torna-se num
hermita. Alvaro, que se alistou no exército espanhol, salva Carlo numa batalha
em Itália e ambos juram amizade eterna. Carlo encontra um retrato de Leonora
nos pertences de Álvaro após este ter sido ferido. Desafia-o para um duelo e
diz que também ela tem de morrer. O duelo é interrompido e Alvaro vai para um
convento. Carlo desafia Alvaro para novo duelo e é ferido. Leonora reconhece
Alvaro no seu refúgio mas sai em auxílio de Carlos. Aparece pouco depois
mortalmente ferida pelo irmão, no seu acto de vingança. Perdoa Alvaro e morre.
Com um dos argumentos mais inverosímeis, esta ópera de Verdi
tem na música o seu maior interesse, dado que tanto na parte orquestral como na
coral e em algumas intervenções dos solistas existem trechos de assinalável
beleza.
Diz-se que esta ópera dá azar e está amaldiçoada. O barítono
americano Leonard Warren morreu durante uma récita, Pavarotti recusou cantá-la
devido à maldição que sobre ela existe, Franco Corelli cantava-a com uma
forquilha para protecção e, num concerto em New Jersey, após terminar a
principal ária do tenor, as luzes apagaram-se, o que foi atribuído a um
problema ocorrido no cemitério ao lado.
Nesta noite o início
teve um percalço porque as legendas não funcionaram (terá sido da maldição??).
Conheço bem a ópera e, quando assim é, não leio as legendas (ou pensava que as
não lia…), mas foi curioso ter sentido a sua falta.
O jovem maestro suíço Philippe
Jordan dirigiu de forma exemplar a Orquestra
Nacional e Coro da Ópera de Paris. Foi o melhor da récita. A abertura foi
excelente e ao longo de todo o espectáculo assim se manteve. O Coro teve,
igualmente, intervenções de elevada qualidade.
Vladimir Stoyanov,
barítono búlgaro, foi um Don Carlo di Vargas que cumpriu sem deslumbrar. A voz
é banal, como a de tantos outros, apesar de ter tido intervenções
interessantes. Quando a orquestra tocava forte foi, por vezes, afogado. Também
gritou com regularidade.
Don Alvaro foi cantado pelo tenor argentino Marcelo Alvarez. Mais uma vez mostrou ser um bom tenor verdiano. Ofereceu-nos uma voz potente, afinada e bem projectada, com agudos de grande qualidade. Foi sempre bem audível sobre a orquestra, mesmo quando esta tocava mais alto. Cenicamente esteve aquém do desejável, mas foi o melhor cantor em palco.
Como já referi anteriormente, considero a Bastilha um teatro
excessivamente grande para se poder desfrutar adequadamente da ópera. Talvez
esta circunstância tenha contribuído para o que aqui relatei em relação aos
solistas.
***
La FORZA DEL DESTINO, Opera Bastille, Paris, December 2011
From a commission from the Imperial Theater in St. Petersburg, G. Verdi composed La Forza del Destino, with libretto by Francesco Maria Piave, based on the play Don Álvaro, o la forza del sino by Angel de Saavedra.
From a commission from the Imperial Theater in St. Petersburg, G. Verdi composed La Forza del Destino, with libretto by Francesco Maria Piave, based on the play Don Álvaro, o la forza del sino by Angel de Saavedra.
The action is set in
With one of the most unlikely libretto, this Verdi opera has it’s best interest in the music (orchestral, choral and some interventions of the soloists) which includes parts of remarkable beauty.
It is said
that this opera is cursed. The American baritone Leonard Warren died during a
performance, Pavarotti refused to sing it due to the curse, Franco Corelli sang
it with a crotch for protection and at a concert in New Jersey , after finishing the main tenor
aria, the lights went out, what was attributed to a problem that occurred in
the cemetery nearby.
Tonight there was a mishap in the beginning because the subtitles did not work (was it the curse?). I know the opera well, and when it is so, I do not read the subtitles (or I thought I did not...) but curiously, I noted its absence and I missed them.
Tonight there was a mishap in the beginning because the subtitles did not work (was it the curse?). I know the opera well, and when it is so, I do not read the subtitles (or I thought I did not...) but curiously, I noted its absence and I missed them.
The staging
was by Jean-Claude Auvray. It was very
sober, classic, always with a pretty empty stage. It starts in the house of the
Marquis of Calatrava, with a simple long table in the centre and simulating
cloth walls with paintings of family members. Subsequently, the different
scenes are dominated either by the table or by a huge Christ without the cross.
The table, with bench seats, over and around which everything happens, is in
the inn in the village of Hornachuelos in Spain ,
and in the military camp of Velletri in Italy . The Christ is hanging and dominates
the central stage in the monastery of the Madonna degli Angeli and later is on
the ground, in the place near the convent where Leonora lives as a hermit. Despite
the simplicity, it works.
The young
Swiss maestro Philippe Jordan
conducted in a fantastic way the National Orchestra and Chorus of the Paris
Opera. It was the best of the performance. The opening was excellent and so it
remained throughout the performance. The Choir also had high quality moments.
Lithuanian
soprano Violeta Urmana was a good
Donna Leonora. The
voice is strong and could always be heard. She has a medium register of great
quality, but the high notes were sung under stress and the vibrato was
sometimes excessive.
Vladimir Stoyanov, Bulgarian baritone, was a regular Don Carlo di Vargas. The voice is banal, like many others, although he had an interesting performance. However, when the orchestra played forte, he was sometimes drowned by the sound and he also shout regularly.
Vladimir Stoyanov, Bulgarian baritone, was a regular Don Carlo di Vargas. The voice is banal, like many others, although he had an interesting performance. However, when the orchestra played forte, he was sometimes drowned by the sound and he also shout regularly.
Don Alvaro was sung by the Argentine tenor Marcelo Alvarez. Once again he proved to be a good verdian tenor. He gave us a powerful voice in tune and with high quality top notes. He was always well audible over the orchestra, even when it played louder. Artistically he was not so exciting, but he was the best singer on stage.
Nadia Krasteva, Bulgarian mezzo, was a Preziosilla short of my expectations. She was vulgar and unable to impose her voice. It had no colour and no soul. Artistically she was better than vocally.
Father
Guardiano was sung by Korean bass Kwangchoul
Youn. He was good but I confess I expected better from him too, since I've
heard excellent interpretations of this great singer. The voice is beautiful, the
lower register impressive and audible, but he lacked a more effective vocal
projection to become more imposing.
Mario Luperi, Italian bass, was a regular Marchese di Calatrava. Italian baritone Nicola Alaimo was a high quality (vocal and artistic) Fra Melitone.
Mario Luperi, Italian bass, was a regular Marchese di Calatrava. Italian baritone Nicola Alaimo was a high quality (vocal and artistic) Fra Melitone.
As I
mentioned earlier in this blog, I consider the Bastille too large a theatre to
properly enjoy opera. Perhaps this circumstance has contributed to some
limitations of the soloists that I reported here.
***
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Excelente início de crónica mas realmente comecei a ficar triste para o final, uma vez que parece que os cantores não estiveram ao seu melhor nível e ao que esperava. Também eu tive algumas desilusões no início da temporada, como já postei.
ResponderEliminarEm relação à Bastilha, o teatro é realmente grande mas não o considero assim tão mau para se ver ópera. Valem claramente mais os bilhetes nas primeiras filas ou então escolher os mais laterais à frente, que são mais económicos e vê-se bem. Mas o problema é escolher lugares. O sistema de reserva online é horrível porque praticamente não permite escolher lugares. Além de a venda ir sendo faseada ao longo do ano.
Hola. Muy interesante tu blog. Te envío muchos saludos y abrazos desde México. Raul, de Clasicos a tu alcance.
ResponderEliminar@ wagner_fanatic,
ResponderEliminarPara mim, de entre as grandes casas de ópera europeias (e as poucas norte americanas que conheço) Paris é, de longe, a pior para se comprarem bilhetes online. Nunca se sabe bem o que se compra Pior, numa vez que comprei dois bilhetes, eram muito afastados um do outro.
Em relação à Bastilha, o fosso da orquestra é enorme e raramente (na minha experiência) se conseguem comprar bilhetes à frente. E, mesmo aqueles que "parecem" à frente, são na realidade muito distantes. Não é, de todo, o meu teatro de ópera favorito. Já o Palácio Garnier é muito melhor como teatro, mas enferma dos mesmos problemas relativos à compra dos bilhetes online.
Verdi...Place de la bastille,history...
ResponderEliminarGreetings from "La mer du nord"
Willy