segunda-feira, 2 de julho de 2012

DON GIOVANNI, METropolitan Opera, Nova Iorque, Março de 2012


(review in english below)

Don Giovanni, de Mozart, tem sido a ópera mais comentada neste blogue na presente temporada. Já o foi aqui, aqui, aqui e aqui! E ainda haverá mais.


 Tive oportunidade de assistir a uma récita ao vivo no Met (da produção que foi transmitida há poucos meses no MetLive em HD mas que, à data, não tive possibilidade de ver) e aqui deixo as minhas breves impressões.




 A encenação de Michael Grandage é clássica, interessante e bem conseguida, com as personagens a aproveitarem as muitas varandas disponíveis em vários andares dos prédios no palco. A parte mais original foi a cena do cemitério, de grande efeito cénico.




 Dirigiu, muito bem, o maestro Andrew Davies. A Orquestra do MET é excelente e a interpretação foi de elevada qualidade. 

Nos cantores reinou o equilíbrio e a qualidade, vocal e cénica (e todos os cantores tinham boas figuras, o que ajudou muito à parte visual do espectáculo).

Don Giovanni foi interpretado pelo barítono canadiano Gerald Finley. Há poucos meses já o havia visto em Londres no mesmo papel. Fez muito bem a personagem, com a dose equilibrada de maldade e sedução. A voz é excelente, timbre bonito e sempre bem audível.


 Leoporello foi o excelente baixo barítono norte americano Kyle Ketelsen. A voz é forte, bem projectada e assaz interessante nas nuances que lhe imprime. Cenicamente foi dos melhores da noite e, quando se fez passar por Don Giovanni, foi notável.


 Marina Rebeka, soprano da Letónia, foi uma Donna Anna extraordinária. A voz é clara e de uma beleza invulgar, esteve sempre afinadíssima e a potência é assinalável. Apenas o registo mais agudo é, por vezes, mais em esforço, mas mantém o elevado nível interpretativo. Cenicamente foi irrepreensível.


 Matthew Polenzani, tenor norte americano que também vi há poucos meses em Londres no mesmo papel foi um Don Ottavio excepcional. A voz é de um lirismo deslumbrante, o cantor projecta-a na perfeição e a interpretação foi superlativa. Foi o mais ovacionado da noite mas, para mim, Finley e Ketelsen não foram inferiores.


 Também a Donna Elvira do soprano norte americano Ellie Dehn foi muito agradável. Voz bonita, límpida e alegre, esteve sempre bem em palco.


 Shenyang, baixo barítono chinês foi um Masetto interessante mas talvez o menos brilhante dos intérpretes masculinos.


 A Zerlina do meio soprano norte americano Isabel Leonard teve uma presença agradável em palco e é uma cantora possuidora de uma voz agradável, bem adequada ao papel mas que, ocasionalmente, se ouvia mal.


 Finalmente também uma palavra de elogio ao veteraníssimo baixo norte americano James Morris que foi um Commendatore de presença quase assustadora e voz profunda e grave.


 Um excelente Don Giovanni que primou pelo equilíbrio artístico






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DON GIOVANNI, METropolitan Opera, New York, March 2012

Don Giovanni, by Mozart has been the most commented opera in this blog this season. It happened here, here, here and here! And this will not be the last time.

I had the opportunity to attend a performance live at the Met (the production that was broadcast a few months ago in MetLive in HD but I have not had chance to see it) and here I leave my brief impressions.

The staging by Michael Grandage is classic, interesting and successful, with performers to take advantage of the many balconies available on various floors of the buildings on stage. The most original part of the cemetery was the scene of great scenic effect.

Conductor Andrew Davies was responsible for a good musical direction. The MET Orchestra is excellent and the interpretation was of high quality.

Among the singers balance and quality, both vocal and artistic, dominated (and all the singers had good figures, which helped a lot to the visual part of the show).

Don Giovanni was played by Canadian baritone Gerald Finley. A few months ago I had already seen him in London in the same interpretation.
He did very well the character, balanced with a dose of evil and seduction. The voice was excellent, beautiful tone and always audible.

Leoporello was the North American bass baritone Kyle Ketelsen. He showed great vocal quality and stage performance. The voice was strong and quite interesting in the nuances the singer made. Artistically he was the best of the night, and when he changed the role with Don Giovanni, he was remarkable.

Marina Rebeka, Latvian soprano, was an extraordinary Donna Anna. The voice is clear and of unusua beauty, she has always been in tune and the power was remarkable. Only the top record is sometimes, msung in effort, but maintains the high level of interpretation.
Artistically she was blameless.

Matthew Polenzani, North American tenor which I also saw a few months ago in London on the same role was an outstanding Don Ottavio. The voice is of a stunning lyricism, the singer projected it to perfection and the interpretation was superlative. He was the most acclaimed of the night but for me, Finley and Ketelsen were not inferior.

Also North American soprano Ellie Dehn was very nice Donna Elvira.She has a beautiful voice, clear and cheerful, and she was always well on stage.

Shenyang, Chinese bass baritone was an interesting Masetto but, perhaps, the less brilliant of male performers.

Zerlina was interpreted by  North American mezzo Isabel Leonard. She had a nice presence on stage and she is a singer with a pleasant voice, well suited to the role but, occasionally, could not be heard well.

Finally a word of praise to veteran North American bass James Morris that was a Commendatore of an almost frightening presence and nice low register voice.

An excellent Don Giovanni with a perfect artistic balance.


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3 comentários:

  1. Finley deve ser o melhor Don da actualidade! E Ketelsen é um mozartiano de nível superlativo e um actor exímio! Que sorte ter podido ver ao vivo este Don Giovanni!

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  2. It is an opera I have seen and enjoyed in the past. However, five stars from you means this is a presentation that should not be missed!

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  3. Caro Fanático,
    é muito bom assistir um concerto de alto nível em todos os parâmetros. Feliz de quem tem essa oportunidade.
    Um grande abraço de todos do atelier

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