terça-feira, 5 de junho de 2012

Die Walküre (versão concerto) – Berliner Philharmoniker – 27 Maio 2012

(review in english below)



Juntando ao Simão Boccanegra de dia 28 de Maio, a minha visita a Berlim permitiu também, no dia anterior, estrear-me na mítica sala da Filarmónica de Berlim e com Wagner.

Christian Elsner foi Siegmund. É um excelente cantor, com uma voz de timbre bonito mas falta-lhe algum lirismo interpretativo que nos faça transparecer o herói que é Siegmund e o quanto a sua vida muda com Sieglinde. Falta-lhe alguma garra nas passagens de herói.  Esteve melhor no segundo acto mas pouca foi a entrega a e afirmação vocal, por exemplo, no duelo com Hunding.

Eva-Maria Westbroek foi sublime com Sieglinde - potência vocal brutal, sentido interpretativo exímio, uma verdadeira fera wagneriana, no bom sentido.

Mikhail Petrenko foi um Hunding perfeito - excelente nas nuances interpretativas da personagem, voz cavernosa quanto baste e uma presença física concordante.


Terje Stensvold espanta pela qualidade e pureza tímbrica da sua voz que conta já com 68 anos de idade. Apesar de excelente sentido dramático global, faltou-lhe, em alguns momentos, a profundidade necessária para a personagem de Wotan. Isso ficou patente, por exemplo, no final do segundo acto, onde foi claramente abafado pela Orquestra.

Evelyn Herlitzius surgiu com o mesmo fato com que havia feito Brunnhilde em Barcelona em 2008. Já não a ouvia neste papel desde essa altura. Entrou com o seu histerismo vocal que me fez odiar a sua voz da primeira vez que a ouvi nas transmissões de Bayreuth através da Antena 2, há vários anos. Os seus Hoiotohoos foram tecnicamente não como está escrito e a estridência gritada dos seus agudos incomodativa, emanando um som gutural sempre que mudava de sílabas nos agudos. Contrastando com isto, o canto no seu registo mais grave foi bastante melhor.


A Fricka de Lilli Paasikivi  foi de grande qualidade, muito sentida e com uma voz de qualidade acima da média.

As Valquírias estiveram, no seu todo, em excelente forma vocal.

Mas os Reis da Noite foram Simon Rattle e a Filarmónica de Berlim. Esta foi a maior (e talvez insuperável) prestação orquestral de A Valquíria a que alguma vez assisti. Virtualmente sem erros, e principalmente com uma secção de metais irrepreensível, a sonoridade wagneriana foi do outro Mundo, em consonância com a fantástica acústica da sala. A dinâmica, potência, coesão e sincronismo de cada elemento e de cada naipe foi absolutamente arrepiante. A sensação transmitida era que a Orquestra funcionava como um elemento único, como que personificando um único músico. Momentos como o acorde final após a escala descendente depois do “Geh” de Wotan que cair por terra Hunding, ou a entrada da Orquestra após o “Der Gott” no monólogo final de Wotan foram de uma precisão sublime, (passagens de elevada dificuldade de sincronismo de naipes). Eu que habitualmente evito falar da clássica “Cavalgada das Valquírias” (porque parece sempre para aqueles que não gostam de ópera, e para alguns que a criticam, a única coisa a que se resume esta obra monumental de Wagner), tenho o maior prazer em dizer que encheu a sala com um poderio imenso.

Foi a minha estreia na famosa sala da Filarmónica de Berlim e vai ficar, para sempre, na minha memória com um marco interpretativo orquestral brutal.







Die Walküre (concert version) - Berliner Philharmoniker - May 27, 2012


Along with the Simon Boccanegra on the 28th, my visit to Berlin also allowed me to debut in the legendary hall of the Berlin Philharmonic and with Wagner.

Christian Elsner was Siegmund. He is an excellent singer, with a beautifull soundly voice but lacks some lyrical touch. He was better in the second act was but missing some interpretative strength in his vocal posture as, for example, in the duel with Hunding.

Eva-Maria Westbroek was sublime as Sieglinde – superb vocal power, expert interpretive sense, a true wagnerian beast, in the good sense.

Mikhail Petrenko was a perfect Hunding - excellent in the interpretive nuances of the character, cavernous voice and a coherent physical presence.


Terje Stensvold surprised by the quality and purity of his voice which already has 68 years of age. Despite an overall excellent dramatic sense, he lacked, in some passages, the necessary depth to the character of Wotan. This was evident, for example, in the end of the second act, in which he was clearly muffled by the Orchestra.

Evelyn Herlitzius came up with the same suit with which she had done Brunnhilde in Barcelona in 2008. Have not heard her in this role since then. she entered with her hysterical voice which had made me hate her the first time I heard it in the Bayreuth broadcasts on our classical radio some years ago. Her Hoiotohoos were not technically as it is written and the stridency of her shouting in the high notes was disturbing, emitting a guttural sound when moved between the acute syllables. In contrast with this, her voice in a lower pitch was much better.


The Fricka of Lilli Paasikivi was of great quality, very experienced and with a voice quality above average.

The Valkyries were on the whole, in excellent vocal form.

But the Kings of the Night were Simon Rattle and the Berlin Philharmonic. This was the best (and perhaps insurmountable) orchestral performance of The Valkyrie I have ever listen to. Virtually no errors, and especially with a blameless metal section, the wagnerian sound was from another world, in line with the fantastic acoustics of the room. The dynamic power, cohesion and timing of each elemento was absolutely chilling. The feeling was that the Orchestra worked as a single element, as if embodying a single musician. Moments like the final chord after the sliding scale ending the "Geh" by Wotan which makes Hunding die, or after the entry of the Orchestra after the "Der Gott" in the final monologue of Wotan was of a sublime precision. I usually avoid talking of the classic "Ride of the Valkyries" (because it seems always to those who do not like opera, and to some who criticize it, the only thing that comes down from this monumental work of Wagner), I have great pleasure in say that it filled the room with an immense power.

It was my debut in the famous room of the Berlin Philharmonic and this concert will stay forever in my memory manily due to a superb orchestral performance.





2 comentários:

  1. Caro wagner_fanatic,
    Constacto que a sua ida a Berlim lhe encheu totalmente as medidas!
    Confesso que gostaria muito de ter assistido a esta Valquíria, na reputada sala da Filarmónica de Berlim, que também não conheço.
    No próximo ano tenho programada uma estadia de vários dias em Berlim e espero poder colmatar esta minha falha!

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  2. Die Walkure,the composer,and the power of classical music!
    Greetings from Bayreuth lovers,Will and Jack.

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