GIANNI SCHICCHI - IL TRITTICO (IV de IV), Royal Opera House, Londres, Setembro de 2011

                                                  (review in English below)

A casa do abastado e moribundo Buoso Donati está revestida de papel de parede florido e mobilada num estilo “latino” e desarrumado. A sua numerosa família aguarda a morte que acontece logo no início.

 A encenação é muito bem conseguida e os momentos cómicos sucedem-se continuamente, sem nunca resvalar para o gratuito nem para o ordinário. São muitas as situações verdadeiramente hilariantes, como a procura do testamento, a visita do médico, o ditar do novo testamento, o comportamento das crianças e reacção dos pais e a postura de Gianni Schicchi.

 Para mim esta encenação não foi uma surpresa porque já a havia visto há dois anos, na altura apresentada com a ópera “L´Heure Espagnole” de Ravel. Também não posso deixar de fazer referência ao desastre que foi a encenação de Gianni Schicchi no ano passado no Teatro de São Carlos, em que um encenador totalmente incompetente conseguiu arrasar esta obra magnífica de Puccini.

Na direcção musical, Antonio Pappano foi excelente!

 Lucio Gallo, barítono italiano, foi um Gianno Schicchi engraçado, fazendo justiça à personagem. Achei a sua interpretação melhor do que como Michele em Il Tabarro. A voz foi sempre bem audível, esteve afinado e conseguiu imprimir a graça e astúcia que o papel exige. Foi o melhor em cena.

 Rinuccio foi interpretado pelo tenor italiano Francesco Demuro. A voz é bonita mas o cantor pareceu-me algo inseguro ou nervoso. Mas nunca falhou e, particularmente na ária Avete totó!... Firenze è come um albero fiorito esteve muito bem.

 Lauretta foi interpretada pelo soprano russo Ekaterina Siurina. A voz é bonita e idêntica a tantas outras. Cantou bem a ária O mio babbino caro, uma das mais belas escritas por Puccini e pouco mais fez, mas o papel é mesmo assim.

 Foram também participantes com qualidade homogénea outros cantores, incluindo Gwynne Howell, Elena Zilio, Jeremy White, Marie McLaughlin, Alan Oke, Lisa Anne Robinson, Henry Waddington e Enrico Fissore.

Um final em beleza de uma noite inesquecível na Royal Opera, sobretudo devido à Suor Angelica!

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GIANNI SCHICCHI -  Il Trittico (IV of IV), Royal Opera House, London, September 2011

The house of the rich and dying Buoso Donati is lined with flowered wallpaper and is furnished in a "Latin" and messy style. His large family awaits his death that happens early on. The staging is very good and the moments of comedy happen continuously, without ever sliding into the vulgar. There are many truly hilarious situations, as the demand of the will, the doctor's visit, the writing of the new testament, the behavior of the children and their parents and the attitude of Gianni Schicchi.

For me this staging was not a surprise because I had already seen it two years ago, at the time staged with the opera "L'Heure Espagnole" by Ravel. I can not avoid the reference to the disaster that was the staging of last year’s Gianni Schicchi at the Teatro São Carlos in Lisbon. A totally incompetent director was able to destroy this magnificent work of Puccini.

Lucio Gallo, Italian baritone, was a funny Gianni Schicchi.I consider his interpretation better here than as Michele in Il Tabarro. His voice was always strong and clear, he was in tune and he managed to show the humour and cleverness that the character requires. He was the best on stage.

Rinuccio was interpreted by Italian tenor Francesco Demuro. The voice is beautiful but the singer seemed somewhat insecure or nervous. But he never failed, and particularly in the aria Avete totó!... Firenze è come um albero fiorito he was very good.

Lauretta was interpreted by Russian soprano Ekaterina Siurina. Her voice is nice and identical to many others. She sang the aria O mio babbino caro, one of the most beautiful arias for soprano written by Puccini, and that was it, but Lauretta is, indeed, like that.

Other singers were also with uniformly good, including Gwynne Howell, Elena Zilio, Jeremy White, Marie McLaughlin, Alan Oke, Lisa Anne Robinson, Henry Waddington and Enrico Fissore.

An excellent final of an unforgettable evening at the Royal Opera, mainly due to Suor Angelica!

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