(english version below)
Faleceu ontem (29 de Novembro), aos 66 anos de idade, o tenor alemão Peter Hofmann.
Um dos grandes tenores Wagnerianos dos anos 70 – 80, começou a sua carreira como muitos outros, através do papel de Tamino na ópera a Flauta Mágica de Mozart, ingressando progressivamente na magia wagneriana.
Conheci Hofmann no seu excelente Siegmund na gravação em DVD do Anel do Nibelungo de Patrice Chéreau, sob a direcção de Pierre Boulez e acompanhado de outros marcos do canto wagneriano como Gwyneth Jones e Donald McIntyre.
Das suas duas gravações de Parsifal destaco, a quem o quiser conhecer ou lembrar, não a de Karajan mas sim a de Levine no Festival de Bayreuth, onde muitas vezes actuou.
Paralelamente à sua carreira de cantor lírico, manteve o seu gosto activo na música rock e em musicais (o Fantasma da Ópera). Um verdadeiro artista multifacetado.
Padecendo de Doença de Parkinson desde 1994, não resistiu a uma pneumonia.
Não tendo tido a oportunidade de o ouvir ao vivo, ficam as memórias sempre renováveis pelos DVDs e CDs.
Peter Hofmann (1944 - 2010) - The death of a rebel Heldentenor
The German tenor Peter Hofmann died yesterday (29th November), at the age of 66.
One of the great Wagnerian tenors of the 70s – 80s, he began his career as many others, through the role of Tamino in Magic Flute opera by Mozart, gradually joining in the Wagner magic world.
I first got acquainted with Hofmann in his excellent Siegmund in DVD recording of Der Ring des Nibelungen by Patrice Chéreau under the direction of Pierre Boulez (the centenial production at Bayreuth). In that production, he joined several other Wagnerian singers of high excelence such as Dame Gwyneth Jones and Sir Donald McKintyre.
Of the two recordings of Parsifal I know I clearly recommend not the Karajan but the Levine one, at the Bayreuth Festival, a place where he performed so many times.
Alongside with his career of opera singer, he remained active in rock music and musicals (Phantom of the Opera). A truly multifaceted artist.
Suffering from Parkinson's disease since 1994, he succumbed to pneumonia.
Not having had the opportunity to listen him live, the memories will always be renewable through DVDs and CDs.
Hi,
ResponderEliminarThank you for the posting.
On the CD cover he looks nice.
Through the missmanagement and divoces he was financially ruined. At the end of his life he and his family had to live with some hundreds Euro. I saw one of his last photo. He looked terrible. What a life!
Peter Hofmann was very sportiv. He was a dechathoner and paratrooper.
ResponderEliminarThe "Parkinson" was not only disease he had. Since 2003 he had dementia. He probably did not know who he himself was. I do feel sorry for him. Whatever, the final curtain has fallen. I wish the hero of Wagner sleep in peace.
Penso que Peter Hofmann, quando esteve na sua maior actividade operática, terá correspondido ao Heldentenor idealizado por Wagner - boa figura, alto, loiro, nordico e cantando de forma bastante convincente. Só o vi em gravação na Valquiria e fiquei deveras impressionado. Em CD também o ouvi noutras gravações.
ResponderEliminarAcabo de ler que morreu com Parkinson mas na miséria, o que foi um fim bem triste e imerecido para um artista deste calibre.
Dear lotus-eater,
ResponderEliminarWe wrote out two last posts simultaneously. But the news you give us are even a worst than the ones I mentioned in portuguese (after reading your post in your blog on Peter Hofmann). Indeed, a sad and unfair end for a great artist!
Thank you for your comment
Yes. He was a great artist. RIP.
ResponderEliminarCaro FanaticoUm,
ResponderEliminarThank you for the kind words on my blog.
You see, "being critical" belongs to the nature of Germen. The German press seldom say something nice. Even though no one could deny that Hofmann was a good singer, the press tries to find something negative about him.
Another example: It's recently announced that Kaufmann would not sing in the Bayreuth Festival 2011. The press and many opera fans are happy about this news. They say that Kaufmann's voice is unsuitable for Wagner. Have they already forgotten that Kaufmann was excellent as Lohengrin in 2010? I guess there's no country where are so many "Anti-Kaufmann Fraktion" like in Germany!
Diego Florez has recently been the target of the German criticism, as wll. Because of the bad cold Florez had to cancell his concert in Baden Baden. But 2 days later he could sing in Frankfurt. Unfortunately his voice'd not been recovered. Under this circumstance he couldn't give a good performance. Then you can imagine how the press and opera fans reacted. The hot discussions on this theme is still going on. Maybe untill next spring!
In order to avoid further more severe criticism Florez has cancelled the concert in Munich.
Have a good day.
Dear lotue-eater,
ResponderEliminarAs you know, I am a great admirer of Kaulmann' voice. Several people here in Portugal think that he will be a great Wagnerian tenor. I also think so and his Lohengrin, that you mentioned, was perhaps the best I hav e ever seen. The staginh in Munich was bad (like a rehersal, in my opinion), but Kaufmann sang a touching Lohengrin. I really would like to hear him in the heavier tenor roles of Wagner, but I admit we have to wain some years.
For me, and for the moment, he is one of the best tenors that we can see live (in not the best).
Caro fanático,
ResponderEliminarNa realidade uma grande perda para a Ópera, como ela é entendida nos dias de hoje. Hoje necessitamos que Romeo, Don José, Cavaradossi e Siegmund sejam como os Librettos os pintam: perfeitos seres, a tocarem no imaginário hollywoodesco.
Ao lado de uma vocalidade razoável (… o que diremos nos dias de hoje? :_( ...) Peter Hofmann foi o primeiro a provar que a Ópera também pode ( …e deve, isso é outra questão) apresentar corpos perfeitos/ ideais nos papéis que se desmpenham/ cantam, exigindo estes mesmos esse mesmo idealismo.
Para a história da Lírica, digna desse nome, ficam os seus registos de Lohengrin em Bayreuth e at the Met nos Eighties, Tristan para Bernstein, Parsifal para Levine em Bayreuth85 e acima de tudo (e aconselho :-) ) Karajan80 DG.
Mas, acima de tudo; Siegmund Ring des Nibelungen Boulez/Chéreau Bayreuth76-80 em DVDs DG. O final do 1º Acto da Valquíria com este cantor que acabou de nos deixar e com Jeannine Altmeyer é de uma carnalidade abrasadora, que eu considero INULTRAPASSÁVEL e de INESGOTÁVEL visionamento.
Best Regards.
LG
Caro Anónimo,
ResponderEliminarNem mais. Concordo com tudo o que refere.
Realmente a produção do Anel de Chereau/Boulez foi um marco na história das produções wagnerianas, podendo contar com grandes nomes da altura, entre os quais o de Peter Hofmann.
Em relação ao Parsifal de Karajan, e atendendo aos só com Hofmann, continuo a preferir o de Levine. Não necessariamente por Hofmann como individualidade mas em grande parte por Levine. Para mim, Levine sempre foi um maestro que soube dominar e escolher muito o bem o "pace" wagneriano, em prol do drama musical.
Cumprimentos musicais.
Não sendo eu um conhecedor profundo da obra wagneriana, não posso deixar de concordar com o LG, nomeadamente na opinião referente ao 1º Acto da Valquíria de Boulez/Chéreau. De facto as inrerpretações de Jeannine Altmeyer e de Hofmann foram antológicas, de uma intensidade sexual (carnal é uma excelente palavra!) dificilmente alcançável em ópera.
ResponderEliminarNão querendo desviar o assunto, diria que, ao mesmo nível, no que à intensidade sexual imprimida às personagens respeita, só vi o Kaufmann e a Anna Caterina Antonacci na Carmen de Londres.
É, de facto, interessante. Na Valquíria, ele canta em tronco nu: "Olhem para o Heldentenor!".
ResponderEliminarAs for the German critics:
We needed some of those in Portugal.
Whether Kaufmann is going to sing well in Walküre - and I hope he does - I believe he will. I have already bought my ticket to the Met Live.
Chego muito atrasada a estes comentários, mas devo dizer que adorei a leitura. Para além das várias questões interpretativas que a arte de Hoffmann desencadeou, é preciso sublinhar a marca forte que a cultura dos anos oitenta projectou na cultura e nas artes. Hoffmann foi um exemplo paradigmático de um certo tipo de herói dos anos 80, que teve manifestações paralelas em cinema, na revitalização de um certo conceito visual de Idade Média que transpareceu em Excalibur ( John Boorman) e nos papéis desempenhados pelo louro Rutger Hauer em, por exemplo, Lady Hawk ( Richard Donner) , entre muitos outros exemplos. Tratava-se de criar um visual novo para o corpo do herói medival. Foi bom que grandes encenadores como Chereau ou Kupfer tenham integrado sem complexos essa contaminação cinemática... Hoffmann foi o artista certo no momento certo, e a ópera só ficou a ganhar!
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