tag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post5437724547336060360..comments2023-07-31T21:48:01.185+01:00Comments on Fanáticos da Ópera / Opera Fanatics: DON GIOVANNI, METropolitan Opera, New York, Outubro / October 2016wagner_fanatichttp://www.blogger.com/profile/09624184063174356078noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post-48940741584205897212016-11-01T23:18:09.506+00:002016-11-01T23:18:09.506+00:00Relativamente ao Don Giovanni que vi no MET LIve, ...Relativamente ao Don Giovanni que vi no MET LIve, descrevo-o numa palavra: desilusão.<br /><br />A encenação - muito clássica - é super desinteressante. Nem um rasgo de originalidade, nem um rasgo de génio. É escura, monótona, estática em muitas ocasiões e desprovida de elegância. Mesmo o final — é certo que vistoso — não foi nada que não tivéssemos visto e, amiúde, com maior impacto. A encenação não acrescenta uma ideia, não tem uma visão da obra, é amadora.<br /><br />Na minha modesta opinião, não creio que valha a pena gastar dinheiro com produções clássicas no século XXI. Já estão todas feitas e mais bem feitas. Na minha concepção, há que modernizar, mas mantendo a coerência da obra e acrescentando uma ideia (ainda que dela discordemos…). Algo que nos leve a pensar, a reler a obra, a reinterpretá-la, ou a revivê-la de modo diverso. Pelo menos gera discordância, diálogo, ou admiração. Um exemplo dessa expressão, numa estética moderna, é a encenação de Claus Guth que é, goste-se ou não, de uma genialidade avassaladora. <br /><br />Os cantores foram também, de uma forma global, uma desilusão.<br /><br />Senhoras: A Gerzmava “gritou” a récita toda. Agudos agrestes, voz de timbre para mim desagradável, a comer palavras, a não arriscar no abastanza, péssima dicção, interpretação do texto zero e cenicamente ausente. Olhava para o vazio e, no fim da frase, olhava para o alvo cénico das suas palavras. Não construiu a personagem e, pelo que ouvi das entrevistas, tampouco creio que tenha uma ideia do que é, para si, a Dona Anna. A Malfi apresentou uma voz áspera durante toda a récita, não foi divertida ou cativante, nem ingénua ou sedutora. Nem na voz, nem cenicamente. Foi desinteressante apenas. Bystrom foi a melhor. Gostei da voz que é límpida e com um italiano de qualidade. A interpretação vocal do texto foi o seu forte, construindo a personagem de forma coerente e interessante, interpretando o texto, o que também traduziu cenicamente de forma eficaz e não grotescamente histérica como, por vezes, se faz.<br /><br />Senhores: Keenlyside foi um Don Giovanni diferente. Tem, de facto, uma ideia para o seu Don. Mas não gostei. Tornou o Don num plebeu rude, com vestes de nobre. Teve zero de galanteador ou de charmoso, adoptando uma postura rude, física e agressiva. Melhorou vocalmente do primeiro para o segundo acto. Mas a voz, dada a sua visão do Don, não sobressaiu, tornando-se, no meu ver, um Don Giovanni amorfo, acarismático e sem a menor capacidade de empatia, ainda que, como se espera, superficial. Cenicamente, como diz, foi vigoroso, mas foi só isso. O Leporello de Plachetka foi outra decepção. Voz pouco interessante e sem modulações algumas. Interpretação do texto, zero. Comicidade na voz, zero. Banalíssimo. Cenicamente esteve melhor, sendo aí o único aspecto em que conseguiu traduzir alguma da comicidade da personagem, mas, mesmo assim, optando por gestos que eu não esperaria numa interpretação clássica, como, a título de exemplo, uma em que simula autoflagelar-se. Esteve, pois, muito aquém do que habitualmente os bons baixos fazem. O Ottavio de Appleby foi razoável. A voz é bonita, até bastante agradável. Mas, como disse, abusou do falsete. Ainda assim, teve um fraseado elegante. Mas a sua interpretação foi também muito convencional, sem acrescentar nada seu. Cenicamente foi, igualmente, bastante estático. O Masetto de Rose foi, na minha opinião, o melhor dos senhores. Excelente voz, muito boa interpretação vocal do texto com os cromatismos devidos de quem estudou o texto e a música. No palco também foi atrativo e coerente com o que se espera da personagem. Não foi brilhante, mas esteve em bom nível. O Comendatore de Youn foi também de elevada qualidade. Timbre bonito, voz potente, interpretação séria.<br /><br />A orquestra com Luisi limitou-se a cumprir sem estragar tudo, mas não teve brilho, vivacidade, ou lirismo. E logo a começar pela sua entrada na abertura!camo_operahttps://www.blogger.com/profile/04655818743380132210noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post-35091622273854220382016-10-24T23:04:07.555+01:002016-10-24T23:04:07.555+01:00É sempre muito interessante poder confrontar a opi...É sempre muito interessante poder confrontar a opinião de alguém que esteve na sala com a de quem, não tendo tal possibilidade, se limitou a ver e ouvir a respectiva transmissão vídeo para os cinemas. (Transmissão directa do espectáculo de 22/10/2016 no MET. Realizador da transmissão vídeo: Mathew Diamond).<br /><br />Foi desta vez o meu caso, pois que no passado dia 22 estive de novo na sala da FCG para ver este Don Giovanni que o amigo Fanático_Um viu no MET. <br />E apesar das limitações de julgamento resultantes de se tratar de um registo e não do espectáculo real, não posso estar mais de acordo consigo, quer no que respeita à encenação, tradicional e aparentemente honesta, embora algo usada e nada original, quer no que respeita à execução musical. Como diz com total propriedade, não se ouviu Mozart nesta récita do Don Giovanni!<br /><br />Ao escutarmos os primeiros compassos da abertura ficou de imediato claro que Fabio Luisi nos iria apresentar uma versão lenta, monótona e inexpressiva da magnífica ópera mozartiana.<br />Em vez de nos serem servidas a agilidade, a delicadeza emocional e a vivacidade da escrita de Mozart, tivemos uma versão padronizada, homogénea, uniformizada e musicalmente monótona.<br /><br />É certo que a orquestra do MET teve um desempenho técnico irrepreensível. Mas a direcção de Fabio Luisi, embora conseguindo coordenar com sucesso todos os intervenientes no espectáculo, mais não alcança: a emoção ficou fora do fosso e do palco do MET.<br /><br />Apreciei muito e agradeço a sua apreciação acerca dos vários solistas. Como sabe, o trabalho dos cantores não é passível de apreciação consistente no contexto da actual opção de formato da banda sonora adoptado pelos técnicos do MET.<br />Não consegui ainda perceber se o problema é apenas do registo e do trabalho de pós-produção, se também da transmissão, ou ainda da reprodução nas concretas condições do auditório da FCG.<br />Em todo o caso as suas opiniões confirmam em todos os casos as suspeitas que a transmissão apenas permite ter acerca do desempenho dos cantores.<br /><br />Para sua informação, dado que não viu a transmissão, o registo vídeo mantém as lamentáveis características estilísticas habituais das transmissões deste teatro, neste caso agravadas pelos toscos e bruscos movimentos de câmara revelando total inépcia técnica, pela completa ausência de planeamento da montagem, e pela ocultação de partes significantes do que se passa em palco.<br /><br />Vários exemplos maiores desta última incompetência foram neste caso dados pela apresentação parcial dos cantores em momentos de interpretação simultânea (trios ou quartetos em que apenas vemos alguns dos cantores), ou pela ocultação quase total da orquestra colocada em palco na cena do banquete no palácio de Don Giovanni (a orquestra apenas é enquadrada por acaso, parcial e brevissimamente, em movimentos de câmara feitos com outro intuito).<br /><br />E não deve admirar-se pelos aplausos que ouviu na sala no final. É que desta vez até no Grande Auditório da FCG houve quem aplaudisse também !<br /><br />José António MirandaAnonymousnoreply@blogger.com