tag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post2380449795440986208..comments2023-07-31T21:48:01.185+01:00Comments on Fanáticos da Ópera / Opera Fanatics: O CAVALEIRO DA ROSA / DER ROSENKAVALIER, METropolitan Opera, Abril / April 2017wagner_fanatichttp://www.blogger.com/profile/09624184063174356078noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post-78838315774566441812017-06-20T11:47:08.374+01:002017-06-20T11:47:08.374+01:00Ainda bem que viu esta ópera na sala do MET, e mui...Ainda bem que viu esta ópera na sala do MET, e muito obrigado pela sua opinião acerca da direcção musical e dos cantores e orquestra.<br />É que para os simples mortais que viram esta produção originária do ROH (2016) apenas na transmissão a partir da sala do MET no dia 13 de Maio de 2017, o prazer ficou limitado aos olhos.<br /><br />Como é habitual nestas transmissões, viveu-se nesse dia uma perfeita tragédia para os nossos ouvidos, e a partir desse registo tornava-se impossível qualificar quer a direcção e o desempenho orquestral, quer os cantores que, com excepção de Kathleen Kim, foram os mesmos que viu na sala.<br /><br />Já quanto ao prazer dos olhos a questão é diferente, e merece um pequeno comentário complementar, desta vez permitido porque a realização cinematográfica de Halvorson esteve muito melhor quando comparada com anteriores desempenhos seus.<br /><br />Com efeito, parece-me que esta proposta de Carsen transforma este espectáculo numa referência cénica impossível de ignorar doravante para a ópera de Strauss: ela revela com grande inteligência a profundidade do libreto de Hofmannsthal e torna assim possível a sua leitura fora do estreito quadro convencional em que habitualmente esta é feita.<br /><br />Se por um lado se torna mais evidente a natureza satírica da história, proporcionando-nos momentos de franca comicidade, por outro lado a ultrapassagem do anacronismo habitualmente associado à sua apresentação permite ultrapassar essa característica.<br /><br />E assim esta ópera deixa de ser uma quase contínua valsa apimentada por alguns episódios da "petite histoire" dos salões da aristocracia imperial vienense do apogeu do império austro-húngaro, para se transformar num lúcido e perspicaz mergulho sociológico no ambiente das classes dominantes.<br /><br />Situando a acção na Viena de antes da I Guerra Mundial, a bela e estudada cenografia de Paul Steinberg consegue porém fazer emergir a natureza intemporal dos eventos narrados, transformando de facto desse modo o espectáculo numa reflexão agridoce sobre a vida e o tempo.<br /><br />O cómico e o trágico de mãos dadas revelam assim de forma magistral toda a melancolia subjacente à história pessoal da Marechala, e enquadram essa revelação na lúcida perspectiva sociológica exemplificada pelo pastiche das valsas dançadas por caricaturas de militares.<br /><br />Em resumo, em vez de um musical vienense condimentado com o fait-divers da Marechala, a proposta de Robert Carsen revela-nos as emoções associadas à vida e à morte, ao tempo e ao modo da vida, explicitadas no contexto agradável (o doce) mas lúcido (o amargo) que o libreto de Hofmannsthal tão brilhantemente desenha.<br /><br />JAM 20/06/2017<br />Anonymousnoreply@blogger.com