tag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post1981116698525639278..comments2023-07-31T21:48:01.185+01:00Comments on Fanáticos da Ópera / Opera Fanatics: DIE MEISTERSINGER VON NÜRNBERG, Royal Opera House, Londres / London, Março / March 2017wagner_fanatichttp://www.blogger.com/profile/09624184063174356078noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post-50073839526595383682017-05-10T18:08:36.746+01:002017-05-10T18:08:36.746+01:00Caro Anónimo,
Obrigado por este seu texto tão enr...Caro Anónimo, <br />Obrigado por este seu texto tão enriquecedor. Espero que seja lido por muitos "bloggers", apesar de aparecer já alguns dias após o "post".Fanático_Umhttps://www.blogger.com/profile/11257819749307927461noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6732274191821624755.post-55816904234816574062017-05-10T15:21:35.193+01:002017-05-10T15:21:35.193+01:00A encenação, infelizmente, não prestou. Foi cara e...A encenação, infelizmente, não prestou. Foi cara e elaborada, até porque era a encenação de despedida do diretor da ROH, mas a imaginação abandonou-o nos segundo e terceiros atos, o que contrasta com o primeiro, que até foi bom. Este constraste desvaloriza ainda mais a encenação no seu conjunto, porque a falta de continuidade faz desconfiar de que tenha existido uma “ideia” no próprio primeiro ato.<br />À exceção do primeiro ato, tudo o resto é incipiente e desprovido de sentido, em que – erro gravíssimo! – o que se ouve e o que se vê não tem, quase sempre, correspondência entre si, como se tal não fosse essencial.<br />A única coisa que achei interessante aconteceu no final do terceiro ato (mas dela só quem se encontrasse na plateia ou usasse uns binóculos podia aperceber-se e foi algo de que me dei conta apenas quando assisti à ópera uma segunda vez): foi o desgosto de Eva com Walther quando este aceita tornar-se Mestre.<br />Numa encenação normal, Eva ficaria contente com tal aceitação, que é o que resulta do contexto da obra e visa demonstrar que, ainda que a novidade deva ser aceite pelo antigo (que é o tema central desta ópera), para que este sobreviva transformando-se, também a novidade deve aceitar o que o antigo tem de positivo, contribuindo para uma evolução em lugar de uma revolução radical que olvide o passado. Walther é a novidade radical, que não percebe o antigo. Beckmesser representa o antigo, que despreza aprioristicamente a novidade que o assusta. Sachs é a reunião perfeita do velho e do novo, enfim, da Razão. Já Eva nada é ou representa. É um objeto de que se pode dispor e que aceita, pelos sentidos que não pela razão, a novidade porque é mais sedutora do que a Razão de Sachs.<br />Pegando nesta desvalorização do papel da Mulher representada em Eva, o encenador quis explorar o papel daquela e revelar o problema da misogenia da sociedade. Por isso colocou a acão num clube londrino, símbolo do conservadorismo e espaço fechado à cabeça feminina (talvez não a outros dos seus encantos). Daí a colocação de Eva numa taça, revelando que Eva não tem existência autónoma como ser racional, mas apenas como objeto, sedutor da cobiça e posse masculinas, que na Mulher encontram um momento legítimo de irracionalidade (taz por isso as pessoas se transformem em bichos grotescos no final do segundo ato).<br />Isto é, depois, contrastado com o comportamento da mulher-objeto. Quando Walther não quer aceitar tornar-se Mestre, Eva mostra-se apoia a sua decisão e constância, tudo naturalmente apenas por gestos, visto que não canta. Mas Sachs convence-o a aceitar. E Walther, em vez de aceitar, comedidamente, tornar-se naquilo que não é por natureza ou nascimento, mas apenas por respeito à sageza do conselho de Sachs, subitamente aceita sê-lo, fazendo-o como herói, com cega soberba, como se nunca tivesse querido ser outra coisa. A reação de Eva é a revolta, porque confirma que também Walther a coisifica, e abandona o troféu, que deixa vazio, revelando que foi traída, não fisicamente, mas racionalmente. Se Walter nem sequer se apercebe da reação de Eva, é afinal um Homem que põe e dispõe, Sachs, pelo contrário, reconhece os motivos de Eva e, como sábio, conclui, provavelmente, que também ele tinha de perceber este sinal da "coisa nova", que é, afinal, Eva – a força renovadora natural – e não Walther – uma força renovadora que, como quase todas, é fraca e se deixa corromper e vencer por pressões exteriores.<br />Os sinais desta leitura do encenador e que são transportados para a encenação são muito ténues e apenas surgem, de forma um pouco mais evidente, já na parte final de uma ópera de 4h30m e unicamente através da linguagem gestual dos cantores-atores. Porém, como se sabe, uma linguagem gestual fina deste tipo é própria do cinema dos close-ups e não do teatro… Por isso também a encenação falhou redondamente!Anonymoushttps://www.blogger.com/profile/13726334064910266030noreply@blogger.com