(text in English below)
Depois de um
avião e dois comboios, cheguei a Parma para o Rigoletto (Verdi) do Leo Nucci, mais um marco atingido na
minha “melomanoloucura”. E que emoção!! A noite de hoje transpôs a vivencia de Bayreuth
de há uns meses e não sei se alguma vez me senti tão emocionado com um cantor
como hoje.
Os cantores
solistas foram Stefan Pop
(Duque), Jessica Nuccio (Gilda), Giacomo
Prestia (Sparafucile), Rossana
Rinaldi (Maddalena), Carlotta Vichi
(Giovana), Carlo Cigni (Monteroni) e
Enrico Marabelli (Marullo).
Com algumas
produções vibrei quase da mesma maneira, como com o Parsifal do Guth em Madrid
em 2016, mas hoje foi um Homem de 75 anos que canta como se tivesse 40 e
transmite uma emoção tão forte que, na minha individualidade de sentimento,
gostava de a conseguir transmitir a todos com quem falo sobre isto, sobre ópera.
Este Homem é uma lenda!! Leo Nucci é
um fenómeno de verdadeira longevidade vocal porque é, sempre foi, e continua a
ser um barítono.
Viajo há 13 anos para
ver opera e só agora o vejo… sinto isto como uma falha pessoal astronómica e um
insulto ao grande artista, e penso que também ao grande homem que ele é… Foi o
meu embaixador num teatro novo – o Teatro
Regio de Parma, é lindo por dentro, e voltará a sê-lo em mais dois novos
teatros ao longo desta temporada.
Texto de wagner_fanatic
RIGOLETTO,
Teatro Regio di Parma, January 2018
After one
flight and two train trips, I arrived in Parma for Leo Nucci's Rigoletto (Verdi), another milestone reached in my
"opera crazyness". And what a thrill!! This night supplanted the
experience of Bayreuth a few months ago, and I do not know if I ever felt so
moved with a singer like today.
Other soloists
were Stefan Pop (Duque), Jessica
Nuccio (Gilda), Giacomo Prestia
(Sparafucile), Rossana Rinaldi
(Maddalena), Carlotta Vichi
(Giovana), Carlo Cigni (Monteroni)
and Enrico Marabelli (Marullo).
With some
productions I vibrated in almost the same way, as with Guth’s Parsifal in
Madrid in 2016, but today it was a 75 year old man who sings as if he was 40
and conveys an emotion so strong that, in my individuality of feeling, I liked
to be able to transmit to everyone with whom I speak about this, about opera.
This Man is a legend!! Leo Nucci is
a phenomenon of true vocal longevity because he is, has always been, and
continues to be a baritone.
I travel
for 13 years to see opera and only now I see him ... I feel this as an
astronomical personal fault and an insult to the great artist, and I think also
to the great man that he is ... He was my ambassador in a new theater - Teatro Regio de Parma, it's beautiful
inside, and he will be again in two more new theatres throughout this season.
Text by wagner_fanatic
Sou muito pessimista no que diz respeito ao futuro da Voz na ópera. Nucci e o seu Rigoletto são hoje o paradoxo desse pessimismo. Reparem: o melhor Rigoletto dos últimos 40 anos ainda canta e, apesar de continuar a ser o melhor, é preciso apanhar um avião e dois combóios para o ouvirmos. Há pouco mais de um mês, abriu a temporada alla Scala e o público pagava bilhetes de milhares de euros para aplaudir a Netrebko (a vedeta de marketing mais sobreavaliada dos nossos dias) e o seu novo marido que só canta no palco porque a mulher o põe lá. Entretanto, o Met usa e abusa do seu novo barítono one-fits-all Lučic para fazer um Rigoletto banal no contexto histórico, mas bem aplaudido nos nossos dias no Met. (Para não falar da encenação nem da falta de expiência da Nadine Sierra como Gilda.) Em Londres, o Rigoletto costuma ser Platanias, que é um bom cantor e não mais. Felicitações, wagner_fanatic, por ter tido a iniciativa (que eu ainda não tive) de ir vivenciar aquele que eu infelizmente imagino que seja o último verdadeiramente grande Rigoletto dos nossos tempos. De facto, não vejo grande futuro nas vozes da ópera no século XXI e o Rigoletto de Nucci parece-me a última chama de um glorioso passado verdiano.
ResponderEliminarSou muito pessimista no que diz respeito ao futuro da Voz na ópera. Nucci e o seu Rigoletto são hoje o paradoxo desse pessimismo. Reparem: o melhor Rigoletto dos últimos 40 anos ainda canta e, apesar de continuar a ser o melhor, é preciso apanhar um avião e dois combóios para o ouvirmos. Há pouco mais de um mês, abriu a temporada alla Scala e o público pagava bilhetes de milhares de euros para aplaudir a Netrebko (a vedeta de marketing mais sobreavaliada dos nossos dias) e o seu novo marido que só canta no palco porque a mulher o põe lá. Entretanto, o Met usa e abusa do seu novo barítono one-fits-all Lučic para fazer um Rigoletto banal no contexto histórico, mas bem aplaudido nos nossos dias no Met. (Para não falar da encenação nem da falta de expiência da Nadine Sierra como Gilda.) Em Londres, o Rigoletto costuma ser Platanias, que é um bom cantor e não mais. Felicitações, wagner_fanatic, por ter tido a iniciativa (que eu ainda não tive) de ir vivenciar aquele que eu infelizmente imagino que seja o último verdadeiramente grande Rigoletto dos nossos tempos. De facto, não vejo grande futuro nas vozes da ópera no século XXI e o Rigoletto de Nucci parece-me a última chama de um glorioso passado verdiano.
ResponderEliminar