quarta-feira, 12 de julho de 2017

RIGOLETTO, METropolitan Opera, Abril / April 2017



 (Review in English below)

Rigoletto de Verdi esteve em cena na Metropolitan Opera House de Nova Iorque em Abril de 2017.
A acção trazida para os anos 60 da década passada em Las Vegas, passada em casinos e outras casas de diversão. A encenação é de Michael Mayer, muito vistosa e eficaz. Os anúncios luminosos são de belo efeito. Os elevadores laterais no palco também. O Duque é dono e entertainer de um casino, Rigoletto um comediante. O Monterone é um árabe que, ao ser preso, lança a maldição ao Rigoletto. A casa onde mantém a filha Gilda é num 5º andar, acessível por um elevador na parte lateral do palco. O rapto da Gilda é feito pelos empregados do Duque, depois de subornarem a empregada Giovanna.




No final o Rigoletto vai a casa do Sparafucile, assassino profissional, um clube nocturno nos arredores da cidade, e encomenda a morte do Duque, que está na casa a divertir-se com Maddalena, irmã do assassino. A pedido da irmã, Saprafucile concorda em não assassinar o Duque mas outra pessoa que apareça. É uma noite de tempestade, muito bem conseguida com os efeitos luminosos, e quem aparece vestida de homem é a Gilda. Após ser ferida mortalmente, é colocada no porta bagagens de um carro da época. O final é convencional.



O maestro foi Pier Giorgio Morandi. No início houve alguns desencontros entre a orquestra e cantores mas, a partir do 2º acto, melhorou substancialmente.

O Duque foi o tenor Joseph Calleja. A voz é potente mas algo monocórdica e o timbre mais caprino que nunca. Em palco não transmitiu qualquer emotividade nas diferentes cenas, nomeadamente quando contracenou com a Gilda.



O barítono Zeljko Lucic foi um excelente Rigoletto. Tem um timbre belíssimo, voz grande e transmitiu todo o rol de sentimentos por que vai passando ao longo da ópera.



A Gilda foi interpretada pela soprano Olga Peretyatko. Outra decepção. Tem uma voz relativamente pequena, não é bonita, mas o pior é a emissão muito irregular. Apesar de ter uma boa figura para a personagem e da grande agilidade em palco, não foi convincente.



Nos papéis secundários, os mezzos Maria Zfichak como Giovanna e Nancy Fabiola Herrera como Maddalena cumpriram sem deslumbrar. Também Jeff Mattsey fez um Marullo banal e que mal se ouviu.



Ao mais alto nível estiveram os dois baixos, Robert Pomakov como Monterone e, sobretudo, Stefan Kocan como Sparafucile. Vozes imponentes, registo mais grave impressionante e excelente presença em palco.







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RIGOLETTO, METropolitan Opera, April 2017

Verdi's Rigoletto was on stage at the Metropolitan Opera House in New York in April 2017.
The action was brought to the 60's of the past decade in Las Vegas, spent in casinos and other houses of pleasure. The staging is by Michael Mayer, very showy and effective. The light advertisements are of good effect. The side elevators on stage also. The Duke owns and is an entertainer of a casino, Rigoletto a comedian. Monterone is an Arab who, when arrested, casts a curse on Rigoletto. The house where her daughter Gilda is kept is on the 5th floor, accessible by an elevator on the side of the stage. The abduction of Gilda is done by the Duke's employees, after bribing his maid Giovanna.
In the end Rigoletto goes to Sparafucile's house, a professional assassin, a nightclub on the outskirts of the city, and orders the death of the Duke, who is in the house to have fun with Maddalena, sister of the murderer. At her sister's request, Saprafucile agrees not to assassinate the Duke but another person to appear. It's a stormy night, very well staged with the light effects, and who appears dressed as a man is Gilda. After being mortally wounded, she is placed in the luggage compartment of a car of the time. The final is conventional.

The maestro was Pier Giorgio Morandi. At the beginning there were some disconnections between the orchestra and singers but, from the 2nd act on, it improved substantially.

The Duke was tenor Joseph Calleja. His voice is potent but monochromatic and the timbre more caprine than ever. On stage he did not transmit any emotion in the different scenes, especially when he interacted with Gilda.

Baritone Zeljko Lucic was an excellent Rigoletto. He has a beautiful timbre, a great voice and transmitted all the roll of feelings that go through the opera.

Gilda was performed by soprano Olga Peretyatko. Another disappointment. She has a relatively small voice, not pretty, but the worst is the very irregular emission. Despite having a good figure for the character and a great agility on stage, she was not convincing.

In secondary roles, mezzos Maria Zfichak as Giovanna and Nancy Fabiola Herrera as Maddalena were ok. Jeff Mattsey was a barely heard Marullo.

At the top level were the two basses, Robert Pomakov as Monterone and Stefan Kocan as Sparafucile. Stunning voices, impressive low register and excellent stage presence.


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3 comentários:

  1. Que pòrquería así estos barbaros acabarán con la ópera

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  2. O forte do enredo desta ópera (Le roi s'amuse) é a crítica à prepotência de quem tem o poder político. Transpô-la para o submundo, fora da esfera política, onde não se espera uma ética responsável, é subverter toda a crítica política subjacente ao enredo. É retirar-lhe valor. Se querem modernizar, então que haja coragem e ponham o duque como presidente dos EUA ou, no mínimo, senador. Dono de casino é que não, porque não há críticas a fazer sobre ética ao diabo.

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    1. É verdade João Alves, a maioria das encenações modernas esquecem a essência das óperas originais. Porquê? Não sei responder. Não posso aceitar que os encenadores não conheçam o enquadramento original. Confesso-me um admirador das boas encenações clássicas. Das modernas, ou são realmente fantásticas na nova leitura que fazem da obra, sem esquecer a sua essência, ou não gosto.

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