Rigoletto de Verdi
esteve em cena na Metropolitan Opera
House de Nova Iorque em Abril de
2017.
A acção trazida
para os anos 60 da década passada em Las
Vegas, passada em casinos e outras casas de diversão. A encenação é de Michael Mayer, muito vistosa e eficaz.
Os anúncios luminosos são de belo efeito. Os elevadores laterais no palco
também. O Duque é dono e entertainer
de um casino, Rigoletto um comediante. O Monterone é um árabe que, ao ser
preso, lança a maldição ao Rigoletto. A casa onde mantém a filha Gilda é num 5º
andar, acessível por um elevador na parte lateral do palco. O rapto da Gilda é
feito pelos empregados do Duque, depois de subornarem a empregada Giovanna.
No final o Rigoletto vai a casa do Sparafucile, assassino profissional, um clube nocturno nos arredores da cidade, e encomenda a morte do Duque, que está na casa a divertir-se com Maddalena, irmã do assassino. A pedido da irmã, Saprafucile concorda em não assassinar o Duque mas outra pessoa que apareça. É uma noite de tempestade, muito bem conseguida com os efeitos luminosos, e quem aparece vestida de homem é a Gilda. Após ser ferida mortalmente, é colocada no porta bagagens de um carro da época. O final é convencional.
O maestro foi Pier Giorgio Morandi. No início houve
alguns desencontros entre a orquestra e cantores mas, a partir do 2º acto,
melhorou substancialmente.
O Duque foi o
tenor Joseph Calleja. A voz é
potente mas algo monocórdica e o timbre mais caprino que nunca. Em palco não
transmitiu qualquer emotividade nas diferentes cenas, nomeadamente quando
contracenou com a Gilda.
O barítono Zeljko Lucic foi um excelente
Rigoletto. Tem um timbre belíssimo, voz grande e transmitiu todo o rol de
sentimentos por que vai passando ao longo da ópera.
A Gilda foi
interpretada pela soprano Olga
Peretyatko. Outra decepção. Tem uma voz relativamente pequena, não é
bonita, mas o pior é a emissão muito irregular. Apesar de ter uma boa figura
para a personagem e da grande agilidade em palco, não foi convincente.
Nos papéis
secundários, os mezzos Maria Zfichak
como Giovanna e Nancy Fabiola Herrera
como Maddalena cumpriram sem deslumbrar. Também Jeff Mattsey fez um Marullo banal e que mal se ouviu.
Ao mais alto
nível estiveram os dois baixos, Robert
Pomakov como Monterone e, sobretudo, Stefan
Kocan como Sparafucile. Vozes imponentes, registo mais grave impressionante
e excelente presença em palco.
***
RIGOLETTO,
METropolitan Opera, April 2017
Verdi's Rigoletto
was on stage at the Metropolitan Opera
House in New York in April 2017.
The action was
brought to the 60's of the past decade in Las Vegas, spent in casinos and other
houses of pleasure. The staging is by Michael
Mayer, very showy and effective. The light advertisements are of good
effect. The side elevators on stage also. The Duke owns and is an entertainer
of a casino, Rigoletto a comedian. Monterone is an Arab who, when arrested,
casts a curse on Rigoletto. The house where her daughter Gilda is kept is on
the 5th floor, accessible by an elevator on the side of the stage. The
abduction of Gilda is done by the Duke's employees, after bribing his maid
Giovanna.
In the end
Rigoletto goes to Sparafucile's house, a professional assassin, a nightclub on
the outskirts of the city, and orders the death of the Duke, who is in the
house to have fun with Maddalena, sister of the murderer. At her sister's
request, Saprafucile agrees not to assassinate the Duke but another person to
appear. It's a stormy night, very well staged with the light effects, and who
appears dressed as a man is Gilda. After being mortally wounded, she is placed
in the luggage compartment of a car of the time. The final is conventional.
The maestro
was Pier Giorgio Morandi. At the
beginning there were some disconnections between the orchestra and singers but,
from the 2nd act on, it improved substantially.
The Duke
was tenor Joseph Calleja. His voice
is potent but monochromatic and the timbre more caprine than ever. On stage he
did not transmit any emotion in the different scenes, especially when he interacted
with Gilda.
Baritone Zeljko Lucic was an excellent
Rigoletto. He has a beautiful timbre, a great voice and transmitted all the
roll of feelings that go through the opera.
Gilda was
performed by soprano Olga Peretyatko.
Another disappointment. She has a relatively small voice, not pretty, but the
worst is the very irregular emission. Despite having a good figure for the
character and a great agility on stage, she was not convincing.
In
secondary roles, mezzos Maria Zfichak
as Giovanna and Nancy Fabiola Herrera
as Maddalena were ok. Jeff Mattsey
was a barely heard Marullo.
At the top
level were the two basses, Robert
Pomakov as Monterone and Stefan Kocan
as Sparafucile. Stunning voices, impressive low register and excellent stage
presence.
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Que pòrquería así estos barbaros acabarán con la ópera
ResponderEliminarO forte do enredo desta ópera (Le roi s'amuse) é a crítica à prepotência de quem tem o poder político. Transpô-la para o submundo, fora da esfera política, onde não se espera uma ética responsável, é subverter toda a crítica política subjacente ao enredo. É retirar-lhe valor. Se querem modernizar, então que haja coragem e ponham o duque como presidente dos EUA ou, no mínimo, senador. Dono de casino é que não, porque não há críticas a fazer sobre ética ao diabo.
ResponderEliminarÉ verdade João Alves, a maioria das encenações modernas esquecem a essência das óperas originais. Porquê? Não sei responder. Não posso aceitar que os encenadores não conheçam o enquadramento original. Confesso-me um admirador das boas encenações clássicas. Das modernas, ou são realmente fantásticas na nova leitura que fazem da obra, sem esquecer a sua essência, ou não gosto.
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