(review in english below)
A até agora anunciada curta Temporada do Teatro Nacional de
São Carlos iniciou-se com a ópera cómica de Donizetti: Don Pasquale.
Pessoalmente, e quando considero outras do mesmo género do
compositor como o Elixir do Amor ou A Filha do Regimento, sinto que esta não é
tao cativante do ponto de vista de argumento e da qualidade musical.
Esta produção é uma produção original do Teatro La Fenice
por Italo Nunziata. A acção, originalmente passada no século XIX, é transposta
para os anos 30 do século passado sem incoerências até porque a história é
intemporal. O velho Don Pasquale nao quer que o sobrinho Ernesto case com
Norina. O seu amigo e médico Doutor Malatesta engenha um esquema para que os
jovens se unam, passando por arranjar uma noiva jovem para o velho, que será a própria Norina sob o
nome de Sofronia e tida como irmã do médico. Depois de casados, a inocente e
angelical Sofronia transforma-se numa mulher gastadora e que manda no marido,
levando Don Pasquale a lamentar o facto de se ter casado. No final acaba por
Norina ficar com Ernesto e Don Pasquale a perdoar a partida.
José Fardilha precisa de pouca caracterização especial para
nos fazer acreditar que é Don Pasquale, um idoso com barriguinha mas ainda com
algum charme. A sua natural e cativante capacidade como actor encontra perfeito
suporte numa voz de qualidade invejável.
Yannis Yanissis faz boa parelha como Doutor Malatesta.
Vocalmente muito bom e com uma interpretaçãoo cómica credível, inteligente,
elevada, sem excessos desnecessários.
Mathias Vidal tem um timbre delicioso como o que esperamos
ouvir num tenor de bel canto. Tem um ligeiro toque especial na voz que nao sei
caracterizar mas que me agrada e que, num momento da célebre ária “Com’è
gentil”, me parecdu villazonista. Fico na dúvida se poderá aventurar-se em
papéis de bel canto mais exigentes até porque alguns dos agudos me pareceram no
limite. Também com ele não precisamos de imaginar Ernesto porque fisicamente
faz uma personagem mais que perfeita na sua simplicidade.
Eduarda Melo, que conheci e adorei no papel de Despina em
Janeiro, não me convenceu no primeiro acto. A voz é firme, cristalina, tem a
habilidade necessária para os malabarismo do bel canto, mas os seus agudos, por
vezes algo estridentes, perdem personalidade quando comparados com o registo mais
grave. No segundo e terceiro actos, onde a acção favorece a sua tendência
intrínseca para o humor, esteve melhor mas, embora com momentos felizes, não
fico convencido de que a sua voz seja talhada para este papel.
Frederico Santiago cumpriu decentemente o papel de falso
notário.
A Orquestra esteve muito bem sob a direcção de Carlo
Rizzari.
Um Teatro com muitos lugares vagos, com um público algo
apático, fizeram-me sentir um certo vazio emocional, numa produçãoo digna, com
qualidade não espectacular mas que merece ser vista, particularmente para quem
seja fã de Don Pasquale.
DON PASQUALE - Teatro Nacional de São Carlos - November 4,
2012
The short season so far announced by the Teatro Nacional de São
Carlos began with the comic opera by Donizetti: Don Pasquale.
Personally, when I consider others of the same gender by the
composer like Elisir d’amore or LA Fille du Regiment, , I feel that this one is
not so appealing from the standpoint of argument and musical quality.
This production is an original production from the Teatro La
Fenice by Italo Nunziata. The action, originally set in the nineteenth century,
is transposed into the 30s of last century with no inconsistencies because the
story is timeless. The old Don Pasquale does not want his nephew Ernesto to
marry Norina. The doctor and his friend Doctor Malatesta thinks of a scheme for the youngsters to end uo together,
through arranging a young bride to the old man, which is Norina under the name
of Sofronia, the presumed sister of Malatesta. Once married, the innocent and
angelic Sofronia becomes a woman who loves to spend money and to boss her
husband leading Don Pasquale to regret having married. At the end, Norina and
Ernesto geto together and Don Pasquale forgives the prank.
José Fardilha needs little special characterization to make
us believe he is Don Pasquale, an elderly tummy man but still with some charm.
His natural and captivating ability as an actor is perfect, supported by a voice
of enviable quality.
Yannis Yanissis makes a solid team as Doctor Malatesta.
Vocally very good and with a believable comic interpretation, intelligent, elevated,
without unnecessary excesses.
Mathias Vidal has a delicious timbre, the one we expect to
hear in a bel canto tenor. It has a slight twist in his voice that I cannot
explain but that I like and that at a time of the famous aria "Com'è gentil,"
sounded me “villazonist”. I am in doubt whether he can venture into more
demanding bel canto roles because some of his high notes seemed on edge. With
him we also do not have to try to imagine Ernesto because physically he makes a
perfect character, in his simplicity.
Eduarda Melo, who I knew and loved in the role of Despina in
January, did not convince me in the first act. The voice is strong, clear, has
the necessary skill for juggling bel canto, but her hish notes, sometimes a bit
strident, lose personality when compared with the more lower pitch. In the
second and third acts, where the action favors her intrinsic tendency for
humor, she was better but, despite some good moments, I'm not convinced that
her voice is cut out for this role.
Frederico Santiago decently fulfill the role of a false
notary.
The Orchestra was very good under the direction of Carlo
Rizzari.
A Theater with many empty seats, with a somehow apathetic
audience, made me feel a certain emotional emptiness, in dignified production, not
with a spectacular quality but that deserves to be seen, particularly for
anyone who is a fan of Don Pasquale.
I just recently viewed Don Pasquale. To me, it was different than the other operas I have been following, and I am not certain I really liked the music. However, I am still learning. I'm sure there is a great deal I missed.
ResponderEliminarTenciono assistir à récita de hoje.
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