UM PUXÃO DE ORELHA EM TODOS OS CANTORES LÍRICOS DE SÃO PAULO
- RENATO BRUSON NO PROJETO GRANDES VOZES/ THEATRO SÃO PEDRO.
A apresentação do grande barítono no Projeto Grandes Vozes
no Theatro São Pedro, no último dia
27 de Abril, só confirmou a impressão que tive em 2001. Bruson não é mais um
menininho, já passa dos setenta anos e canta bem, sabem por quê? Sua técnica é
primorosa, entende do assunto como ninguém. Nunca cantou papéis que não se
adequassem ao seu tipo de voz, soube se conservar e até os dias de hoje é
convidado para cantar em diversos teatros do mundo.
Iniciou o recital com uma bela canção de Tosti , L'ultima
Canzone, uma canção que lembra uma grande ária de ópera, emocionante do começo
ao fim. Cantou ao lado de Mere Oliveira,
Reverenza...buon giorno, buona donna... Alice è mia da ópera Falstaff, onde
mostrou seu lado cômico. Após o intervalo tivemos Madamigella Valery....pura
siccome un angelo...siate felice da ópera La Traviata uma de suas grandes
especialidades, e fechou com uma das mais emotivas árias de Verdi, Di Provenza
il mare, il suol da ópera La Traviata. Em todas as aparições Bruson mostrou uma
voz uniforme, com graves excelentes e vigorosos. Um cantor a moda antiga, onde
a voz era a excelência, a técnica preponderante e com o tempo aprendeu a
interpretar os personagens, um barítono completo.
Um grande estilista da capital paulistana cedeu os vestidos
para as cantoras, soube pelas redes sociais e foi anunciado antes da
apresentação. Estilista nenhum faz alguém cantar bem, mas convenhamos, uma
propaganda não faz mal a ninguém. Tati
Helene entrou com o vestido cedido pelo tal estilista, eu achei sem graça,
gosto é que nem nariz, cada um tem o seu. O soprano me surpreendeu, cantou Senza mamma da ópera Suor Angélica de
Puccini e L`altra notte in fondo al mare da ópera Mefistofele de Boito. Sua
voz mostrou excelente projeção, munida de um belo timbre e um lirismo sedutor.
Seus agudos mostraram potência e realçaram todos os coloridos das árias.
Sustentou as notas no limite na ária de Boito, não teve medo de correr esse
risco, simplesmente arrebentou! Ao lado de Bruson fez bonito como Violetta, não
é qualquer soprano que canta ao lado de Bruson.
Mere Oliveira também usou o vestido do tal estilista, esse
não tão feioso. Na difícil ária Acerba voluttà da ópera Adriana Lecouvreur de
Cilea a moça encontrou dificuldades. Sua voz carece de técnica para árias
complexas, que exigem grande interpretação dramática. Possui graves
interessantes e agudos fracos. Seu melhor momento foi Reverenza...buon giorno,
buona donna... Alice è mia da ópera Falstaff de Verdi ao lado de Bruson. Uma
cantora que não empolgou.
O tenor Rinaldo Leone
esteve em grande noite. Na ária E lucevan le stelle da ópera Tosca de Puccini
mostrou belos agudos, voz com belo timbre e técnica sólida. Ao lado de Bruson
mostrou grande lirismo em Ah Mimi tu più non torni da ópera La Bohème de
Puccini. O tenor me surpreendeu. Bravo Leoni!
Rinaldo Leone
Um puxão de orelha a todos os cantores líricos de São Paulo
e adjacências. Na récita vi poucos cantores na platéia. Todos eles têm a
obrigação de estar presentes e ver a técnica de um dos grandes barítonos.
Aprenderiam muito se fizessem isso e não cometeriam muitas barbaridades que
andam cometendo por aí.
Brasil is one place I have never been, but I will visit one day. Wonderful Theatro!
ResponderEliminarGostei desta crónica do Ali Hassan Ayache, onde fala de tudo o que é importante. E tem razão, não é o vestido, ou a maquilhagem, ou a beleza física, que fazem um bom cantor de ópera mas sim uma boa voz e estudo, muito estudo.
ResponderEliminarBem haja, Ali.