sábado, 24 de dezembro de 2011

L'Elisir D'Amore – Opernhaus Zurich – 17 Dezembro 2011



(review in english below)

O Elixir do Amor de Donizetti, saindo do meu universo wagneriano e mozartiano, é uma das minhas óperas favoritas. A possibilidade de juntar o meu gosto com a possibilidade de ver ao vivo e pela primeira vez Rolando Villazon cumpriu-se nesta temporada, como esta produção de Zurique. E que produção!!... Devo dizer que foi uma das maiores récitas da minha vida!





A encenação é de Grischa Asagaroff é fenomenal. Rica em cor e em imagens que nos transportam para um livro para crianças, em tudo clássica, consegue criar um efeito visual marcante. Do mesmo modo, o sentido de acção constante que cada personagem tem, seja principal ou secundária, ajuda a elevar esta ópera à ternura máxima que a história encerra. Encontro-lhe algum paralelismo com a encenação de Laurent Pelly (um dos meus encenadores favoritos), no carácter “infantil” dos cenários e também pela utilização de um animal a fugir em cena (igualmente em número excessivo de vezes). Se Laurent Pelly usa um cão branco verdadeiro a passar rapidamente em palco, salvo erro, durante uma das prestações de Dulcamara, aqui é um javali inerte, puxado de um lado ao outro do palco por uma corda, em vários momentos. Uma vez tem piada, duas também, à terceira passagem já começa a deixar de ter piada – é regra geral da comédia. Isto, obviamente, não diminui em nada a qualidade da encenação, sendo uma mera opinião pessoal de quem leva a comédia e o riso muito a peito.



Rolando Villazon foi fabulástico!!! Villazon é daqueles cantores que quando entra em cena nos transmite uma magia especial. E quando começa a cantar… a magia duplica! Se juntarmos a sua capacidade ímpar de comédia corporal… a magia triplica! Os pormenores cénicos foram espontâneos e altamente credíveis. No primeiro acto, para se aproximar de Adina, vai tocando no ombro de cada pessoa que está à sua frente, deslocando-se pelo lado oposto quando esta se vira para ver quem lhe tocou no ombro… Adina têm o cabelo formando dois cones laterais de cabelo e, ao tentar ler o livro, Villazon faz com que o vértice de um dos cones lhe entre pelo olho adentro… ele faz malabarismo com bolas em palco, sem as deixar cair e terminando a graça ao final de acorde… ele agita a garrafa do suposto Elixir de forma altamente jocosa… ele deixa escapar um soluço quando ninguém o espera após beber quase todo o Elixir e no meio de interação com as outras personagens… ele modula para um sofrimento credível quando Adina diz que se vai casar com Belcore antes do efeito do Elixir… ele senta-se em cima de uma das pontas da sua mala de viagem escutando e antevendo a declaração de amor de Adina, ao mesmo tempo que se vai progressivamente sentando na outra ponta deixando, de modo convidativo, vago lugar para Adina caso esta se quisesse sentar ao seu lado… Enfim… Não consigo transmitir-vos melhor estes aspectos através das minhas palavras…
Mesmo não tendo comparação ao vivo da sua voz antes da cirurgia, atrevo-me a dizer que nunca esteve melhor. Uma força de vida, uma expressividade imensa e uma entrega pessoal ao papel que é já o seu papel de assinatura. Fantástico!!!






O único senão que posso apontar foi o facto de, claramente, ter cantando a ária “Una furtiva lagrima” de um modo menos integrado de tudo aquilo que acabei de dizer. Claramente pareceu-me que esperava por aquilo que acabou por acontecer para poder “explodir”, ou seja, um forte e prolongado aplauso, convidando a um encore da ária, o qual ofereceu, não sem antes se emocionar (como se pode ver nas fotos). Aí então, viu-se o Villazon que esteve presente em toda a récita, embora com dois momentos de maior aspereza vocal que, se foram dramaticamente provocados foram excelentemente realizados, e que se foram pequenas quebras da voz, estas foram excelentemente disfarçadas como emoção.







Malin Hartelius foi uma excelente surpresa como Adina.



Havia visto a sua Donna Elvira no Don Giovanni da mesma casa de Ópera em Novembro (e que a seu tempo farei a crítica neste blog) e não esperava que viesse a estar à altura de Villazon. Mas esteve! Cenicamente uma magnífica atriz, com uma voz melodiosa, afinada e com agudos sobre a orquestra! A química corporal com Villazon foi deliciosa. Brutal!



Michele Pertussi foi um soberbo Dulcamara! Um timbre lindíssimo, igualmente exímio nos dotes de representação, apoiado pelo sublime actor Luigi Prezioso como seu ajudante.



Massimo Cavalletti foi talvez o menos impressionante do quarteto de personagens principais. Do ponto de vista vocal muito bom mas não tão naturalmente cómico como os outros, embora se tenha esforçado.



Regula Mühlemann foi uma Gianetta interessante, com uma voz bonita mas algo tímida, o que, de certo modo, se enquadrou bem com a personagem.



Nello Santi é um senhor maestro! Grande presença, direcção forte e coerente, com marcado respeito pelos cantores. Uma das grandes figuras da noite.

Esta ópera marcou uma das melhores sequências a que tenho assistido, passando por uns Mestres Cantores e terminando numa La Traviata em Londres que foi esta também, uma das melhores récitas a que já assisti na Royal Opera. A seu tempo as minhas crónicas no blog…







L’Elisir d’Amore - Opernhaus Zurich - December 17, 2011




The Elixir of Love by Donizetti, leaving my Mozartian and Wagnerian universe, is one of my favorite operas. The possibility of joining my taste with the possibility to see live, and for the first time, Rolando Villazon was fulfilled this season, with this production of Zurich. And what a production !!... I must say it was of the greatest operatic nights of my life!





The staging by Grischa Asagaroff is phenomenal. Rich in color and images that transport us to a children's book, at all classical, can create a striking visual effect. Similarly, the sense of constant action of the characters helps to elevate this opera to its maximum tenderness. I found some parallels with the staging of Laurent Pelly (one of my favorite directors), the childish character of the scenarios and also by the use of an animal running from one point to the other of the stage. If Laurent Pelly uses a white dog who truly moves quickly on stage, if not mistaken in one of the Dulcamara entries, here is an inert boar, pulled from side to side of the stage by a rope, at various times. Once is funny, two is still funny, but on the third time the fun starts to fade out -
is a basic rule of comedy. This of course does not diminish the quality of the production, being a mere personal opinion of someone who takes the comedy very seriously.



Rolando Villazon was fabulous! Villazon is one of those singers that when enter the scene gives us a special magic feeling. And when he starts to sing ... he doubles the magic! If we add to these the unique ability to perform true body comedy, the magic triples...! The scenic details were spontaneous and highly credible. In the first act, to get closer to Adina, he taps on the shoulder of each person who is in front of him, moving to the opposite side when the person turns to see who touched her on the shoulder ... Adina have her hair arranged in two cones on the side of her hear and, when trying to read the book, Villazon puts the vertex of one of the cones inside his eye... he juggles balls on stage, without dropping them... he shakes the bottle of the elisir of the alleged in a highly humorous ... he lets out a hiccup when no one expects after drinking most of the elisir... he modulates superbly to a suffering mood when Adina says she will marry Belcore before the effect of the elisir... hr sits on top of one end of his suitcase listening and anticipating the declaration of love of Adina, while he gradually progress his boby to the other end, leaving a vacant space, inviting Adina as if inviting Adina to sit near him... Words are not enough to describe this...

Even without comparison with his voice previously to the surgery, I dare say it has never been better. A true force of life, great expression giving himself totally to a character that is now his signature role. Fantastic!







The only drawback I can point out was that, clearly, sang the aria "Una furtiva lagrima" in a less integrated way considering everything I have just said. Clearly it seemed to me that he was waiting for what happened in order to give himself at his best way, ie, a strong and prolonged applause, inviting an encore of the aria, which he offered, but not before being moved (as seen in photos). By then, we saw the Villazon who was present throughout the evening, but with two moments of a bit of vocal roughness. If they were a dramatically option then they were beautifully performed, if they were flaws, then they were excellently disguised as emotion.








Malin Hartelius was a great surprise as Adina.



I had seen her as Donna Elvira in the Don Giovanni at the same Opera house in November (soon reviewed in our blog) and did not expect she would be up to Villazon. But she was! A scenically beautiful actress with a melodious voice, sharp and refined over the orchestra! The body chemistry with Villazon was delicious. Amazing!



Michele Pertussi Dulcamara was superb! A beautiful tone, also a master in the the acting skills, he was supported by the sublime actor Luigi Prezioso as his assistant.




Massimo Cavalletti was perhaps the least impressive of the quartet of main characters. From the vocal standpoint he was very good but his acting was not as naturally funny as the others, although he has done a superb effort.



Regula Mühlemann was an interesting Gianetta, with a beautiful voice but somewhat shy, which somehow fits well with the character.



Nello Santi is a master in the art of conducting! Great presence, strong leadership and consistent, with a high respect for singers. One of the great performers of the night.
This opera marked one of the best sequences I have seen, passing through Die Meistersingers and ending in La Traviata in London that this was also one of the best performances I have ever seen at the Royal Opera. Soon you will be able to read on these in this blog...






11 comentários:

  1. many thanks four your great report and videos, greetings from Barcelona!

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  2. I wisch you,peace and light for christmas and only happy feelings for 2012!
    Greetings ,Willy

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  3. Caro wagner_fanatic,
    Fantástica reportagem! Tomara muitos profissionais obterem imagens com tanta qualidade. E ainda bem que o espectáculo foi um sucesso! Já vi o Villazon ao vivo no seu melhor, mas também em grandes dificuldades. É bom saber que conseguiu voltar aos seus bons tempos. É, de facto, um "animal de palco".

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  4. Olá! I'm Kraus, an opera fan. May I link your excellent blog to mine (dailymozart.blogspot.com and mozartminore.wordpress.com)?

    Um Feliz Natal e um Próspero 2011! :)

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  5. Dear Klaus,
    Welcome to our blog. Yes, you may make a reference to our blog in your´s. I will visit your blog regularly, as we have common interests.
    Merry Christmas and Happy New Year.

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  6. A happy christmas and a vry healthy and musical 2012 for you! Greetz, Satyr

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  7. happy christmas dear Fanatico.. I hope,everything is as you want..

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  8. Wishing all Your Team a Merry Happy Christmas!!!

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  9. Zurich is my favotrite opera house. I should get out of my laziness and visit there more often.

    Last night I heard Villazon sing Händel on TV. His voice seems to be getting recovered. It was much better than 2008. Hope he could sing Puccini and Verdi soon.

    Nice shots!! I envy our camera.

    Happy Christmas for all Fanaticosdaopera members!

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  10. Caro Wagner_fanatic

    Gostei de saber que o Villazon está de novo em forma. Embora não seja um cantor que eu aprecie por aí além, é bom saber que ultrapassou as dificuldades que teve depois da cirurgia.

    Do leque de cantores desta récita, apenas conheço Pertusi, que acho muito bom.

    Cumprimentos e boas festas.

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  11. Com algum atraso, deixo votos de Boas Festas para os Fanáticos e seus leitores.
    Gostei de saber que Villazon tem recuperado bem, e que o espectáculo foi muito recomendável :-)

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