quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Tosca - Münchner Opernfestspiele - 2 de Julho de 2010












No passado dia 2 de Julho, o Festival de Ópera de Munique acolheu a ópera "Tosca", numa produção original do Metropolitan Opera de Nova York, em colaboração com o Teatro alla Scala de Milão.

Da imponente fachada do Nationaltheater, sede da Bayerische Staatsoper, pendiam 3 longos cartazes, estando o nome "Mario" inscrito em cada um deles, mas a alturas diferentes, simulando um crescendo. Estava, pois, aqui representada a primeira exclamação que Floria Tosca profere ao entrar em cena, chamando pelo nome daquele que ama: Mario Cavaradossi.

O elenco era, sem dúvida, promissor. Floria Tosca foi desempenhada pela conhecida soprano finlandesa Karita Mattila e Mario Cavaradossi foi encarnado pelo tenor Jonas Kaufmann. O papel de Scarpia coube ao baixo-barítono finlandês Juha Uusitalo.

Os cenários, apesar de relativamente sóbrios, recriaram uma encenação de época. Tratou-se, pois, duma versão clássica desta célebre ópera.

Karita Matilla, que detém capacidades expressivas e dramáticas amplamente reconhecidas, conseguiu imprimir à personagem o dramatismo necessário. Num dos momentos de maior lirismo da ópera - a conhecida ária Vissi d'arte - a cantora não conseguiu controlar as suas emoções e teve de produzir longas pausas entre as últimas frases, para não irromper num pranto. As últimas notas saíram já um pouco "sujas", dado que a sua voz estava um pouco embargada pelas lágrimas que pareciam chegar-lhe aos olhos. Por um lado, não podemos deixar de reconhecer que a emotividade foi algo de louvável e tocante, dado que traduzia uma vivência sincera e genuína da personagem. Por outro lado, a falta de controlo das emoções prejudicou um pouco o seu desempenho vocal nessa ocasião. Talvez por isso, os aplausos não tenham sido demasiadamente entusiastas no final de Vissi d'arte.

A grande revelação da noite foi, sem dúvida, Jonas Kaufmann. O tenor alemão que é, por assim dizer, filho da casa, dado que nasceu e deu os seus primeiros passos artísticos em Munique, revelou ter qualidades surpreendentes não só sob o ponto de vista da qualidade da voz, mas também da capacidade expressiva.
É possuidor duma voz cheia, encorpada, timbricamente assemelhando-se quase a um barítono. Desde logo, no início do primeiro acto, as suas qualidades foram evidentes ao cantar Recondita armonia. Contudo, o seu melhor momento foi já perto do final da ópera, com a célebre ária E lucevan le stelle, onde os seus dotes expressivos foram mais evidentes, sobretudo nos pianissimi que executou numa voz velada, revelando ter a capacidade de emocionar o público. Os aplausos foram, naturalmente, efusivos.

Por fim, uma palavra para Juha Uusitalo, que desempenhou um barão Scarpia imponente, dado que é detentor duma voz forte, vigorosa, diria mesmo wagneriana.

A direcção musical esteve a cargo do maestro Fabio Luisi - chefe designado da Staatskapelle Dresden e ex-regente principal da Wiener Symphoniker - que foi um digno dirigente da Bayerisches Staatsorchester.

1 comentário:

  1. Caro FanaticoDois
    Uma Tosca (confesso ser um das minhas óperas favoritas) cantada por um elenco como este, deve ser uma experiência inesquecível (mesmo com a emoção da Karita Matilla)! Ouvi na Antena 2 a transmissão da Tosca do MET há poucos meses e, realmente, o Jonas Kaufmann faz um Mario Cavradossi notável.

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